20 de janeiro de 2007

Os Motivos de Daiana


– Mais café, querido?
– Não, esse café ficou fraco, e tá com um gosto esquisito. E mais, ficou pronto muito tarde, vou acabar me atrasando. Vê se amanhã tu faz mais cedo esse café. E dá um jeito nesse café aí, o gosto tá horrível.
Adriano levantou-se frio, calando-se por completo, e olhar entre o indiferente e o irritado. Andava assim nos últimos dias, desde que o filhotinho de cachorro que deu pra Daiane estragou seu sapato preferido. Daiane preferia fingir nem notar seus destratos, não valia à pena. Seria pior e os levaria a uma discussão onde coisas que não deveriam ser ditas fatalmente seriam ditas. Como as marcas que ela, havia dias, vinha notando em suas camisas e roupas, perfume barato que com certeza não era do tipo que ela usaria...
- Querido, esqueceu sua pasta!

Mais uma vez seu olhar mal humorado estampou-se até que pegasse a dita pasta. Mal Adriano ligou o carro, Daiane dirigiu-se ao quarto, num saltitar ansioso e ao mesmo tempo furtivo. Entre os rangeres de portas do guarda-roupas, destampou um pequeno compartimento oculto, de onde tirou uma sacola preta, e esvaziou-a sobre a cama. Uma enorme e sofisticada coleção de lingeries de muitas espécies. Dentre todas, parecia decidida, imediatamente desenrolou a preta, composta de um lindo espartilho, ligas, uma mínima calcinha quase inteira de renda, e meias de 7/8. Jogou-as sobre a cama, e encarou-se no espelho grande da porta do guarda-roupas. Mais uma breve olhada pela porta, certificando-se da partida do marido para mais uma jornada de trabalho que só terminaria ao início da noite.
Voltou ao espelho sorridente, como uma criança frente a um novo brinquedo. Seu sorriso largo, de uma boca majestosamente linda, dentes grandes e alinhados. Aproximou o rosto do espelho, e buscou as imperfeições que as mulheres sempre se recusam a aceitar.


As marcas do tempo. Ela se olhava fixamente, vendo que no auge de seus 27 anos, dava sinais de seu cansaço. Na mente, surgiam pequenas imagens de sua juventude, adolescência de dedicação grande ao trabalho, devido as poucas condições financeiras, e seus pais sempre tão conservadores. Seguiu o caminho de sua mãe, que com muito pouco estudo, fora oferecida pelo próprio pai ao noivo que ele mesmo escolhera, o de melhor condição financeira que se apresentou interessado. Sim, por incrível que pareça, ainda é a realidade de algumas jovens brasileiras como ela... Daiane.
Casou-se aos 17 anos, sem ao menos concluir nível técnico de ensino, com um homem de relativa posição, empregado de uma firma grande com muitas filiais, nas quais atuava como representante comercial. Ela notou sua ausência poucos dias depois de sua Lua-de-Mel, 4 dias após ter perdido a virgindade guardada como ouro pelo pai, viu o marido sair pela porta sem ao menos dizer quando voltava. E assim tem sido, há dez anos.

Bem, sua memória apenas dá uma cena de fundo a este momento solene, onde com um movimento rápido, foi cobrindo seu corpo alvo, de pele muito branca, quase transparente nas volumosas coxas que ia escondendo com o tom negro da meia de nylon que a cobria. O choque entre sua alvura e a lingerie era algo de divino. Seus cabelos estavam rebeldes, apesar de lisos, volumosos e inconstantes. Somente um coque os fez parar como ela gosta. Cabelos negros como o espartilho que ela agora ocultava sob um vestido simples, de poucas estampas, até o joelho. Tecido de estampas peruanas, de muito bom gosto, mas em nada remetia à sensualidade que ela escondia por baixo dele. Com pressa, olhando no relógio, ela correu até o ponto de ônibus, afinal, já havia perdido tempo demais, iria se atrasar.


A pequna viagem passou rápido, e um certo viaduto do centro de Porto Alegre, se aproximando, já mostrava que era hora de dar sinal para desembarcar. A pressa era tamanha que Daiane nem notou o carro que por centímetros não a atropelou enquanto atravessava a rua, em direção ao antigo prédio comercial de fachada muito bem pintada à sua frente. Algumas lojas na frente, uma porta bonita amadeirada que dava para um estreito corredor. O guardião da porta, um senhor de não menos que 65 anos, adormecido numa cadeira escondido atrás de um pequeno balcão, quase dera seu último salto, do susto que tomou com a entrada rápida de Daiane.
– Dona Jaque! Dona Jaque! – gritou o velho porteiro às suas costas, já próxima ao elevador.
Daiane quase não atendeu, pois por lapso, não atendeu por seu “pseudônimo”.
“Ah, meu Deus...! Jaque! Eu nunca me acostumo” – Pensou ela.
– Pois não, seu Jaison?!
– O Sr. Alves deixou comigo a chave, hoje é quinta! A “casa” está fechada pra um grupo só de clientes, só com a chave pra entrar!

“Fechada?! Hoje vai ser difícil...” – Pensou Daiane, que agora... era Jaque.
Já com a chave na mão, subiu ao terceiro andar, e depois de percorrer o longo corredor até o final, abriu a grade que interrompia o acesso a seus últimos 4 metros, antes de uma grande e bonita porta de madeira de lei, com uma única pequena abertura alta no centro, sem fechadura ou maçaneta. As três pancadas habituais, e e pequena portinhola já se abriu sob um olhar reprovador vindo de dentro.
– Atrasada menina. Entra rápido, a casa ta cheia.


Daiane, ou melhor, Jaque, entrou rápido, passando ligeiro pela sala, pequena mas aconchegante, com luz média e som relativamente baixo, vindo de um pequeno cd player ao comando de um grupo de homens de meia idade sentados pelos 4 sofás que pareciam ser os móveis mais importantes, e na mesa de centro muitas revistas masculinas, latas de cerveja, alguns baralhos já abandonados pelos jogadores, que no momento, dirigiam suas atenções as 4 ou 5 meninas que circulavam entre eles, dançando com pouquíssima roupa. Era apenas um apartamento, a decoração era bastante simples como a maioria das salas que se pode imaginar. Um pouco mais espaçosa, talvez, dando acesso a um corredor com meia dúzia de portas nas laterais, e uma ao final, para onde “Jaque” se dirigiu.
Lá, um pequeno, porém equipado camarim, tornou-se palco de uma incrível transformação, que trouxe “Jaque” totalmente à tona, em uma vibrante e forte maquiagem de tons vermelhos e azuis absolutos. Um forte batom negro cobriu os grossos lábios de Jaque, dando-lhe um tom irreconhecível, se comparado com a servil mulher de uma hora atrás. No lugar do simples vestido de estampa, um fino roupão negro de cetim, que apesar de seu caimento, nada tinha de transparência. Apenas seu caimento parecia revelar as generosas curvas daquela mulher tão meiga de uma hora atrás. “Daiane” desapareceu por completo no momento dos últimos retoques na maquiagem, frente ao enfeitado espelho. Mas o som da porta se abrindo interrompeu sua concentração.
– Vou te descontar esse atraso. Esse serviço de hoje é livre, não é por hora, portanto preciso de todas vocês. Cada minuto que tu perdeu é prejuízo pras outras meninas, te acerta com elas depois, Jaque. – o homem baixo, calvo, de camisa semi-aberta e muito colorida, parecia irritado e pouco disposto ao diálogo.
– Alves, me desculpa, perdi o ônibus, e... – indiferente, ele bateu a porta.

De volta ao espelho, Jaque conclui o de costume:
“Todos iguais. Sempre iguais. Sempre cretinos.”
Um gole de whisky nacional barato, direto na garrafa, e tudo pronto. A saída triunfal pela porta, encarando o corredor de portas cerradas, cujo o som que saia de seus interiores denunciava que o dia seria duro, causavam uma leve sensação de tontura e um breve calor no peito, todas sensações auxiliadas pelo quadrado gole de whisky quente descendo pela garganta. O drops de menta forte foi estrategicamente colocado na boca um pouco antes de chegar à sala, onde alguns dos homens presentes já a encaravam sorridentes, acenando para a coxa, num presumível convite para que ela sentasse em seus colos.
Aquele era um momento difícil. Jaque sempre tinha dificuldade de escolher em qual colo sentava primeiro. Sim, primeiro, pois fatalmente sentaria em vários. Era seguramente uma das meninas mais belas da casa, por conseqüência, uma das mais assediadas. As vezes se odiava por isso. Escolheu o mais velho. Era mais fácil de enrolar, menos apressado, bebia mais, falava mais, durava menos na atividade fim. Poderia matar completamente as primeiras duas horas ali, pois sabia que ele fatalmente iria querer parecer mais viril para os outros homens, por isso a manteria mais tempo no quarto, mesmo que não fizesse praticamente nada. Ela já conhecia bem esse velho vício masculino. Seria aquele o primeiro colo. Sorridente, jogou-se sobre ele, sob o olhar reprovador de Alves, que atrás do balcão, já fazia a contabilidade inicial da noite.

“Essa daí já tem todas as manhas pra trabalhar pouco e ganhar muito... Se não fosse tão gostosa eu já tinha mandado caminhar...” – pensava silencioso, com o olhar felino para o cenário caótico da sala fervente de ânimos e risadas. Sobre os sofás, muitos homens, aparentemente de uma mesma empresa ou escritório, numa comemoração cujo o motivo Alves ignorava. Afinal, pagavam bem. Com um lance alto fechavam o puteiro por dois turnos, entre 15 ou 20 homens, pelo menos uma vez por mês. Mas tinham disponibilidade plena das meninas, que não eram mais que 12, e hoje eram apenas 9 até o momento. Alves sabia que algumas delas não viriam, pois já tinham sido avisadas pelas “informantes” que o dia era dos piores, onde muito trabalhavam, e pouco recebiam a mais por isso. Nem viriam, ou viriam mais tarde, para se poupar o máximo. Quase todas casadas, universitárias, ou dedicadas fundamentalmente a outra atividade. Razões das mais diversas as levavam a estar ali. Mas um elemento era comum a todas: vontade própria.

Poucos minutos de apalpadas e beijos babados do velho, Jaque já fora puxada pela mão em direção a um quarto que desocupara. O velho puxava rápido, e ela entre uma passada e outra de mão, de outros homens sentados nos sofás, o acompanhou, mas foram barrados pela “faxineira”, que foi limpar o quarto antes da entrada do próximo cliente. Mas com um pequeno empurrão, foi afastada pelo velho, que ansioso, dispensou o serviço, estava afoito para usufruir sua bela Camélia. “Ai meu Deus, que nojo, quarto sujo é dose...” – pensou Jaque, já dentro, fechando a porta do recinto. A cama, no centro do quarto, ocupava quase todo o espaço. A luz, para sorte dela, era muito fraca. O cheiro, intenso. Cheiro de sêmen. Sêmen velho, resíduos de muitos dias ejaculações mal desinfetadas, ou limpo às pressas. Cheiro misturado com desinfetante de má qualidade, a base de amoníaco. Mas sabia que seu olfato se acostumaria antes que tudo acabasse.

A propósito, tudo já começara, e ela quase nem notava. Pelo hábito, já estava deitada, seminua, de olhar perdido enquanto o velho puxava, desajeitado, sua pequena calcinha. Tinha pressa.

Na mente, lembranças soltas, divagantes... A decoração de tons marinhos do quarto faziam Daiane lembrar da pequena piscina de plástico que ganhou aos 11 anos de uma tia da capital. Nessa época, no interior do RS, eram poucas as pessoas que tinham uma, pois eram caras, e sempre vinham da capital. Seu pai, sempre ocupado, custou a montar para ela se divertir no quintal de casa, e o dia que o fez, foi uma festa. Convidou todos os amigos da redondeza, não eram muitos, para virem com ela, estrear. No meio da brincadeira, lembra de ter tomado, do nada, um tapa forte na cabeça. E ao olhar de onde veio, outro na cara. O pai, enfurecido, ordenava:
– Vai esconder essas “mamicas”, guria! Bota uma camiseta agora e vai pra dentro!
Foi quando Daiana notou que despontavam seus pequenos seios. Seios que ela ficou olhando, curiosa, no reflexo de uma bandeja de inox que usava como espelho em seu pequeno quarto, onde estava agora de castigo. Sentia o rosto ardido do tapa, mas anestesiado pela curiosidade por seus pequenos mamilos, que tomavam uma forma tão diferente, pontiagudos, e que agora a obrigavam a usar camiseta para brincar na rua. Mas a ardência foi se convertendo, era agora justamente no mamilo esquerdo, e foi aumentando repentinamente, até faze-la despertar e notar... Era Jaque novamente.

O velho estava “se acabando”, já, tão rápido, aos solavancos desritmados entre suas pernas, e cravava-lhe os dentes no seio. Com jeito, ela tentou faze-lo diminuir a pressão, mas era inútil, ele mordia. E estremecia todo, despejando suas últimas energias na camisinha murcha, dentro dela. Daí aliviou.

A enrolação durou menos que ela esperava. Meia hora depois, e nenhuma palavra, ou agrado, ele já puxava as calças que ele nem se dera ao trabalho de tirar, estava arriadas até os joelhos, e se encaminhou pra porta. Saiu e bateu.
Delicadamente, ajustou-se, limpou-se como pode, retirando a camisinha que ele deixou jogada sobre seu ventre, sujando seu lindo e detalhado espartilho. Jogou-a sobre a outra ainda sobre a cama, provavelmente deixada pelo cliente anterior. Quem sabe até mesmo pelo “segundo” antes deles... – “Vai saber, essas faxineiras são muito porcas”...
No banheiro, coletivo para as meninas, três delas se amontoavam para preparar-se para a continuidade da jornada. Jaque pegou a fila para alcançar a pia, com um pedaço de papel higiênico na mão, limpando como podia o seu estimado espartilho. Mas iria manchar, ela tinha certeza. Antes de conseguir chegar à pia, já estava seco, parecia as mangas de um menino ranhento. Iria manchar, era uma pena. Mas os outros não notariam. Pena, seu espartilho era tão lindo... Pena que não conseguissem notar.
Nem bem chegava no centro da sala, um homem alto, cerca de 1,90m, provavelmente com mais de 120 kg, não de força, mas de um homem que provavelmente fora forte até os 45 anos, e que agora, com mais de 50, via suas formas caindo, puxou-a pela mão. Sim, ela voltaria ao quarto antes que esperava. Mesmo num convite para que tomassem algo na sala, ele estava convicto.
– Eu tava só te esperando, tenho que ir embora, mas não sem antes te comer um pouquinho, minha joinha!

– “Joinha?! Que péssimo, não acredito” – Claro, querido, vamos lá! – “Que bosta”

Pra não deixar que melhore, o quarto disponível ainda é o mesmo. Mas ao menos as camisinhas foram recolhidas. Enquanto empurrava a porta, um abraço intenso por trás de seu corpo a surpreendeu, e foi facilmente dominada pelo forte homem, de rosto enorme e nada atraente, dentes desparelhos e cheiro de cigarro. Ela a virou, e sem chance de recuo, beijo-a na boca. Quase num gesto de repulsa, ela barrou-o.
– A gente não beija na boca, querido! Vai que eu me apaixono! – diz ela, numa saída estratégica na tentativa de manter o astral alto.
– Eu já sou apaixonado por ti. Se tu quiser, te tiro desta vida, te faço ser uma mulher de verdade! – e foi avançando sobre seu corpo, vorazmente, beijando seu busto e empurrando seu corpo rumo à cama.
Antes ainda de tombar sobre a cama, Jaque buscava na mente de Daiana um ponto de fuga, uma lembrança que a tirasse daquela sensação de ser subjugada como mulher, e que ao mesmo tempo, quase lhe excitava. Um estranho paradoxo. – “Algodão doce! Isso, algodão doce!”
Ficou lembrando da sensação do algodão doce derretendo em sua boca na primeira vez que viera a Porto Alegre, a convite da mesma tia que lhe dera a piscina. Ela agora tinha 12 anos, e tinha “ficado moça”! Sua menstruação, por sorte, viera pela primeira vez durante uma visita desta querida tia, que insistiu tanto ao ponto de conseguir leva-la à capital para sua primeira consulta com um ginecologista. Dessas apenas pra verificar se tudo corre bem, ter as primeiras orientações. Mas o constrangimento que sentiu por ser examinada de forma tão íntima, ainda que por uma médica, lhe fez passar a hora seguinte muito carrancuda, envergonhada. E uma volta no singelo “Green Park”, dentro do Parque Marinha do Brasil, a fez esquecer completamente o “momento difícil”.

Seu primeiro algodão doce parecia a coisa mais gostosa que já provara, pois só tinha visto um na televisão. Daiane não imaginava que ele se derretia na boca, nem que fosse tão docinho, tão fugaz... Mas Jaque sabia que o que tinha em sua boca agora não estava ao comando de seus movimentos.
O homem era bruto, empurrava sua cabeça com força, chocando a glande contra sua garganta. E tinha um membro muito avantajado, sufocava até sua experiência e artimanha de relaxar a garganta para deixa entrar mais fundo. O controle que tinha para não ter ânsias de vômito durante as estocadas parecia estar à beira de se extinguir... Mas enfim, ele resolveu variar. Foi tentando submergir de volta nas lembranças que ela sentiu seu braço puxar sua cintura, virando-a de bruços, ajoelhando-ª O calor do ventre dele postando-se sobre suas ancas anunciava que seria rápido. Eles nunca resistem muito nessa posição, principalmente por que a beleza de suas ancas largas era grande, a fina penugem aloirada de suas costas, na altura da cintura, as covas que se formavam na parte posterior da cintura... Fazia os homens gozarem mais rápido.
Mas estava escuro. Ele não poderia apreciar tudo, não veria. Era uma pena, tão lindos os detalhes. Mas o que importavam os detalhes naquele lugar. Ele provavelmente já tinha estado com uma ou duas garotas antes dela, na mesma manhã ( se é que ainda era manhã, Jaque já havia perdido o controle das horas). Ela era a saideira, sentia. Sua ereção não era total, estava já perto do fim de sua resistência. Mas não o impediu de tentar o quase impossível. Uma penetração anal naquele estado.
A primeira tentativa veio seguida de um empurrão desajeitado e muito dolorido para Jaque, que esquivou-se instintivamente.
– Calma, princesa! Vou pôr devagarzinho em ti, tu vai gostar! – ela sabia que não ia não.
– Ta bom, querido. Coloca devagar, eu sou delicada...

Um início delicado, mas seu estado de meia ereção o deixava impaciente apressado. Alinhava a glande a entrada do ânus pouco estimulado de Jaque, pressionava um pouco, e estocava forte, na tentativa de que entrasse, por um ato de sorte. Escorregava para fora, dolorosamente.
– Tu ta apertadinha, por isso não entra! – terrível sentença, começou a enfiar os ásperos polegares mal lubrificados em seu delicado ânus, provocando não apenas dor, mas uma sensação horrível e desconfortável em Jaque. Já desatinada, ela foi em seu socorro.
– Deixa eu te ajudar – habilidosa, de quatro, com a mão passando entre as coxas e o ombro direito enterrado no colchão, levou a mão direita até o próprias ânus, massageando um pouco as pregas anais para aliviar a dor. Segurou o pênis ainda mais flácido que no começo da operação, com a mão lubrificada da saliva, e desalinhou da entrada do reto.
– Empurra, querido, devagar! Isso assim, ai, assim, devagar, ta sentindo? To me abrindo pra você! Ui, que gostoso! – Sorridente, de olhos cerrados e na escuridão, o grandalhão foi soltando um gemido, apoiado com as mão sobre o colchão, sem notar que se membro nem ao menos entrara nela. Estava comprimido na palma da mão da habilidosa gueixa, que mantinha-se na mesma posição.
– To, to sentido. Ahh, vou meter tudo!
– Tudo não, assim, senão eu não agüento, é muito grande! – com a mão fechada, mantinha-o fora de seu corpo, crente de estar dentro de seu reto, estocando ridiculamente na pressão da palma da mão de Jaque.
– Ahh, eu vou gozar, encher o teu cu de porra! Ah, rebola cadela! Aaahhh...!

E despencou, sem ao menos derramar três gotas de sêmen na camisinha. Já gozara muito por uma noite. Virou para o lado, e silencioso, sentou-se, vestiu-se, e foi rumo à porta. Jaque se perguntava... Onde estava o cara que se disporia a “transforma-la numa mulher de verdade?”

A fome avisou que a hora de almoçar se aproximava. Mas nos dias de “horário livre” não tinha hora de almoço. Muitos dos executivos que chegavam só tinham o horário do almoço para chegar e dar sua “galada” antes da jornada da tarde. Até as 15hs ela não tinha idéia de quantos ainda enfrentaria. Não mais que 5, estava determinada. Depois só enrolaria. Afinal, quem se importava se fosse “descartada” por Alves. Não precisava daquilo. Nunca precisou. Aliás, nem se lembrava por que razão foi parar ali. Algo lhe fazia sentir bem. Mas naquele instante, não conseguia lembrar o que lhe fazia sentir bem, ou lhe motivava a aturar aquilo tudo. Mas algo, em algum lugar, a fazia sentir-se bem. E ela se precipitou. Antes das 15:30hs, foram 7. Os dois últimos juntos, mas estavam tão bêbados.

16:30hs, e ela descia do lotação, na frente do canhão do Parque Marinha. Foi caminhando entre as árvores, até o Green Park, onde avistou o velho pipoqueiro, que tinha ao lado um sarrafo comprido cheio de pacotes plásticos com algodões doces espetados. Chegou próximo, e pediu o amarelo. Era o que mais gostava. Coçou o bolso, mas o troco que tinha gastou no micro-ônibus. Só as 5 notas de cinqüenta reais que o dia lhe rendeu ocupavam o bolso.
– Tudo bem, moça, pague amanhã, ou outro dia. Você é freguesa fiel, pode ficar devendo! – o sorridente velhinho voltou a remexer suas pipocas.

Mais alguns passos olhando as crianças brincando, um passeio de 30 minutos, e foi até o shopping em frente ao parque. Comprou uma caixa de bombons dos mais caros que achou, um café cortado argentino na cafeteria, um ou dois cds de músicas preferias, até perder-se numa loja de moda íntima, onde viu até o ultimo centavo ser gasto. Retornou à parada do ônibus. Com a sacola na mão, escondendo o nome da loja. Entrou no ônibus já cheio onde por umas quadras, notou que um jovem rapaz, de 16, 17 anos, a observava, atento. Constrangida, olhava de canto de olho, ele sempre a observa-la.

– Quer sentar, moça? – ele oferecia o lugar que acabara de vagar à sua frente, que ia em pé.
– Ah, obrigado!
Daiana sentou-se, admirada da educação do rapaz, tão polido, tão... Antiquado em relação aos meninos de sua idade! Olhou-p, e ele olhava sorrindo, educadamente e discreto. Notou que ele a apreciava, mas em nenhum momento, de forma desrespeitosa. Silenciosamente Daiana o observou, distraído...“Pena que vocês crescem, envelhecem, e viram porcos como todos vocês são...” – pensou, instintivamente.
Antes de 18:30hs, chegava em casa, trocando de roupas, e propositalmente, sem tomar banho. Olhou mais uma vez para o espartilho, agora bem mais manchado do que no início da manhã, e colocou-o numa sacola separada, enrolando no jornal, e jogando no lixo, como fazia com todos eles. “Nunca mais que uma vez” – pensou.
Quando sentou-se no sofá, para assistir a novela das 8, sentiu o corpo dolorido, principalmente a musculatura das virilhas. “Por que faço isso, meu Deus? Por que motivo gosto disso?” Ela não conseguia lembrar a razão de estar duas vezes por semana lá. Sentia o corpo fétido do suor dos últimos bêbados. Tinha nas coxas ainda resíduos de um deles, que nem conseguiu começar a brincadeira e já terminou. E a porta abriu-se, Adriano foi jogando a pasta sobre o sofá e tirando os sapatos na entrada da sala, deixando-os para trás. Afrouxando a camisa, foi para o quarto, depois de um curto “boa noite”. O Beijo veio bem depois, quando o jantar era servido. Sentiu a dor no mamilo que foi mordido, estava machucado. “O que me faz agüentar isso?”.
Logo após o jantar, meia hora de televisão, fora dormir. Na cama, Adriano, apesar de cansado, olhou pra ela.
– Hoje é quinta. Vem cá, deixa eu aproveitar, amanhã posso acordar mais tarde. Daiana foi tirando o pijama com o qual sempre dormia, silenciosa, e virando-se como ele gosta. De lado, de costas para ele. É sempre assim nas quintas-feiras.

– Isso, minha mulherzinha. Sente teu homem, sente. Ah... – os movimentos rápidos e laterais iam sempre deslocando todo o lençol. Daiane tentava segura-los um pouco, mas eles se soltavam, não adiantava. Era difícil arrumar depois que ele acaba. Era pesado, e dormia quase imediatamente... ‘Ah, sim... É por isso...” Em sua mente, lembrou-se o que a agradava nas quintas. Lembrava-se da infância, e não precisava arrumar os lençóis. E ele nem imaginava. Não sentia nela os cheiros de cigarros, sêmen, álcool, camisinhas... “Homens... Não são capazes de ver detalhes. Um espartilho tão lindo. Nenhum deles reparou...”

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