5 de maio de 2007

Os Motivos de Daiana - Parte II

Nota: Importante salientar que a compreensão deste conto depende essencialmente da leitura de sua primeira parte. O conto pode ser lido Aqui.

Uma fina chuva molhava os escorregadios paralelepípedos da Rua dos Andradas, e o vento gelado anunciava o típico inverno da capital gaúcha. Os tamancos de Daiana escorregavam nas pedras, e esbravejando por quase ter torcido os tornozelos, ela se dirige para a calçada. De expressão fechada, seguiu em direção a tradicional Praça da Alfândega. Com o passo determinado, o rosto oculto atrás do guarda-chuva, ela seguia de pernas molhadas pelo forte vento e a garoa fina e ininterrupta.

Ao aproximar-se da esquina que daria na praça, cuidou de fazer uma ligeira e discreta observação do entorno, buscando o máximo possível de privacidade. Uma olhada para a esquerda, uma para a direita... Ninguém parecia querer saber aonde iria aquela mulher tão comum, ainda mais em se tratando de um dia horrível como aquele. Daiana lançou o olhar para o canto esquerdo da praça, logo atrás do playground, de fundos para os sanitários, como quem procura algo. “- Cheguei cedo. Tenho tempo...” - Pensou baixo, enfiando de forma desajeitada o celular no bolso após ter verificado se havia alguma chamada.

O frio era intenso, não fazia mais que 10 graus centígrados. O Shopping seria o local perfeito para a concentração e os preparativos para os momentos que seguiriam. Entrou pela grande porta do edifício, e se dirigiu ao banheiro. No caminho, Daiana deparou-se com uma linda vitrine, de uma loja de presentes com decoração oriental. As cores lindas, detalhes vermelhos e dourados espalhados por todos os lados, objetos indescritíveis de utilidade indecifrável, enchiam-lhe os olhos. Lembrou-se imediatamente de um presente que ganhara de uma amiga de escola, ainda na infância interiorana. A menina de procedência japonesa, e ainda com parte da família radicada no Japão, lhe trouxera de uma de suas viagens um lindo conjunto de ornamentos artesanais, misturando finos origamis coloridos em papel vermelho e pequenas louçarias delicadíssimas. Mas o destino dos objetos seria terrível. Numa das discussões de seu pai com sua mãe, um ataque de fúria do rústico homem deram cabo nas louças, que partiram-se em centenas de cacos jogados ao chão.

A infância é algo estranho. Num ataque pessoal de raiva ao ver seu presente tão estimado destroçado apenas algumas semanas depois de ganhos, Daiana rasgou em pedaços um dos origamis, como num ato de rebeldia calada e contida. O demais origamis foram desmanchados na tentativa de se compreender as dobras, Como era de se imaginar, uma vez desfeitos, a menina jamais conseguiu reconstruí-los, acabaram virando apenas pequenos pedaços de um bonito papel. Assim como o simples pode virar algo belo, a ausência de sutileza pode reduzir a beleza ao nada.

Mas o curto devaneio de Daiana fora interrompido pelo estridente toque do celular. Apenas um toque. Era o sinal. “- Meu Deus, vou me atrasar!”.

Rapidamente, quase correndo, rumou ao banheiro do Shopping Center, conforme havia planejado. Ao entrar, a sua direita, fincou os olhos no espelho, notando o quanto escolhera mal a roupa com que saiu de casa, por medo de atrasar-se. Uma saia longa de lã cinza, e uma blusa da mesma cor. Longas meias de lã e tamancos fechados de camurça, sem prever que a garoa persistiria por tantas horas. Notou que sua pele estava pálida, por conta do forte vento gelado que havia na rua. Se perguntava silenciosamente o que fazia os homens terem desejos estranhos em dias como este. Por momentos, chegou a duvidar que o plano daria certo. Estava tão frio, apesar de ser junho... Mas enfim, cabia-lhe apenas “cumprir sua parte no trato”.

Trancou-se numa das cancelas do banheiro. Utilizou a de deficientes físicos, que tem mais espaço. Afinal, jamais viu um deficiente físico dentro de um banheiro, não conseguia imaginar que alguém precisaria justamente naquela hora.
Largou a sacola de papel pardo sobre a tampa do vaso, e os sons de seus tecidos sendo despidos ecoavam pelo banheiro deserto. Por instantes, sentiu-se insegura, afinal, sairia dali muito diferente do momento eu que entrou. Ao despir-se da saia, revelou no tom branco de sua pele uma deslumbrante calcinha de rendas vermelhas e detalhes pretos. O fino acabamento dava ares de arte de época, e sua pele arrepiada parecia continuidade do tecido áspero.

Apressada, esvaziou a sacola sobre a tampa do vaso, deixando cair no chão o estojo de maquiagem. A teoria do caos, logicamente, fez com que este rolasse por baixo da porta, para fora do reservado. Sem pensar, Daiana rapidamente abriu a porta, com os olhos no chão em busca do estojo. Mas, os defrontar-se com um par de tênis juvenis, quase morreu de susto. Julgava-se sozinha no banheiro, pois não ouvira a porta abrir-se. Era uma menina, de não mais que 15 anos, que se assustou tanto quanto Daiana, afinal, não é comum uma mulher de pele tão alva, calcinha de cor vermelha vivo e peitos desnudos, sai pela porta do reservado de um banheiro! Após o constrangimento, a menina agachou-se e juntou o estojo para Daiana, totalmente sem jeito, e desviando o olhar, envergonhada e rubra.

Daiana agradeceu, não se deixou intimidar demais, afinal, tinha pressa. Rapidamente, já novamente no reservado, vestiu suas pernas com longas e transparentes meias ¾ degradê, de preto para vermelhas em direção às volumosas coxas, e foi sentindo o alívio do nylon aquecendo sua pele gelada. Com esforço, conseguiu prender o corpete também vermelho, com detalhes bordados em preto, dando ao seu corpo contornos esculturais e extremamente sedutores. Seu cabelo negro e totalmente alisado, em corte chanel, com as pontas estrategicamente viradas para o queixo, davam-lhe o tom de uma mensalina. Faltava pouco.

Agora, um sobretudo longo, de tom sóbrio entre preto e cinza, cobriam totalmente a sensualidade que era exalada do choque entre as cores e sua alvura. Só a maquiagem lhe faltava. Daiana está prestes a ser desincorporada para dar lugar a Jaque. A exuberante mulher deixou o reservado rumo ao espelho, munida de seu estojo e apetrechos, e com a precisão de um artista plástico, foi dando ao seu pálido rosto, os tons quentes de um quadro de Luis Royo. Aliás, seu corpo parecia estar pensado e projetado em uma tela por ele próprio. Jaque despertava.

Uma rápida consulta ao relógio do celular... “- Ok. Cinco minutos...”
Mas por um segundo, seu olhar perdeu-se no espelho. Reparou que o tempo lhe ensinou a maquiar-se com perfeição. Mas roubou-lhe o gosto de ver-se sem maquiagem.
“- Como eu sou sem isso?” - questionou-se por um segundo... Ela já não se lembrava mais, mesmo tendo estado livre de sua arte há menos de 10 minutos. Pois bem, pra que lhe servia o espelho, senão para construir Jaqueline...? Não! Era preciso concentrar-se, o tempo se esgotava. Não queria chegar lá e não encontrar ninguém mais ao seu aguardo. E mais um toque em seu celular alertou-lhe que era hora. Rápida conferida, e ok. Vamos.

Daiana, ou melhor, agora Jaque, deixou o banheiro sem notar duas coisas. Era observada atentamente pela menina que espiava de dentro de um dos reservados, atenta a cada movimento dela enquanto se maquiava. Não notou também que deixara sobre a pia o seu estojo de maquiagem.

Rapidamente, Jaqueline subiu pela escada roalnte para sair do Shopping, sentindo o desconforto do salto trancado nos frisos da escada metálica. Cuidadosamente, destrancou-se e saiu rapidamente pela grande porta. O percurso era reto, a praça era quase exatamente na frente. Mas ela resolveu fazer um caminho mais longo, queria passar em frente à estátua de Mário Quintana, simuladamente sentada em um banco da praça. Adorava olhar aquela estátua. Ela sempre desejou ler um livro de Quintana, mas nunca lembrava-se de comprar um. As pessoas falavam tanto. Devia ser bom, afinal, era poesia. E poesia lhe fazia pensar em coisas boas, como um bom algodão doce. Ok... Nada de delírios, é hora da obrigação.

Virou à esquerda, e foi em direção aos sanitários públicos. A chuva agora havia parado, uma leve brisa carregada de umidade fria ainda fazia com que os desabrigados, vadios, crianças de rua, que normalmente circundam aquele local, estivessem nalgum lugar mais protegido. Lá estava um homem. Era baixo, estava em defronte ao sanitário masculino. Aliás, o forte cheiro de urina denunciava a pouca higiene dos banheiros públicos da capital. Mas afinal, que tipo de gente usa estes banheiros? Certamente gente que não tem voz para reclamar. Jaqueline usou o celular e deu um toque. O homem imediatamente conferiu o seu, então ela teve certeza. Era ele. E foi em sua direção.
Era um homem baixo, meio ruivo, não mais que 40 anos, usava uma jaqueta batida de veludo frisado, e calça de brim. Esfregava as mãos para aquecer, quando viu Jaqueline aproximar-se. A forma como pasmou ao vela era bem evidente. Os passos precisos de Jaqueline em sua direção, naquele lindo casaco longo, quase até os tornozelos, saltos longos e finos. A boca maravilhosamente vermelha, olhos fortemente pintados de contornos negros... A boca do homem levou oito segundos para fechar-se.
- És tu o Ismael? - Perguntou Jaque, desdenhosa.

- Eu... Sim, sou eu. Tu é a Jaque, né? (risos) O Alves me disse que era muito bonita mesmo. Nossa! Então... Vamos... Vamos fazer, então? - Seu jeito nervoso irritava profundamente Jaque. Conhecia aquele tipo. Tímido, retraído. Feio. Achava que dar dinheiro a uma puta o tornava o homem que jamais foi capaz de sentir-se. Mas afinal, quem era ela para julgá-lo. Precisava receber esse dinheiro para sentir-se realmente mulher.

- Onde vai ser, aí dentro? - Perguntou Jaqueline, apontando para o banheiro.
- É, vai. Entra aí. Pode passar. - olhou em torno, para ver se alguém os olhava, sem encontrar testemunhas - entra, não tem ninguém!

Jaque entrou, e foi impossível não levar a mão ao rosto, cobrindo o nariz. O cheiro era terrível, e o chão tinha camadas finas de lodo trazido por pés embarrados da chuva. Mas parecia mais embebido em mijo choco do que em água da chuva. Chegou a conter-se, quase abortando a idéia, e ia sugerir outro lugar quando sentiu as mãos do camarada empurrar-lhe de forma pouco delicada para o interior do banheiro. Virou-se, e viu como estava agitado, nervoso, pondo e tirando as mãos dos bolsos.

- O Alves me disse que tu é muito boa, eu disse que queria a melhor! - Com olhar inconstante, espiava-se todo, gesticulando desajeitado. Espiou para a rua, e rapidamente encostou a porta. Virou-se rápido para Jaqueline, que estava em pé, de costas para um mictório. Olhava-a de cima a baixo, e então para os lados, nervoso. Ela sentiu um pouco de medo, estava incerta dos fatos seguintes.

- Tua ta pelada aí embaixo? - Perguntou ele, inclinando-se em direção a ela, e puxando a lapela do sobretudo de Jaque, rapidamente tirando a mão e levando à testa, nervoso.
“- Ok, vamos acabar logo com isso” - pensou Jaqueline, enauseada com o fedor do lugar. “- Vou fazer logo o que ele quer”. - Deu um jeito na grande sacola de compras, destas grandes, de papel pardo firme, com cuidado para não molhar, deixou-a sobre uma pia.
- Então, quer me ver? - perguntou ela, abrindo um a um os botões do casaco. - Não estou pelada, mas posso ficar, se tu quiseres.
- Abre, abre...! Anda, me mostra teus peitos - e foi logo levando a mão sobre o seio esquerdo de Jaqueline, apressadamente. Com a outra mão, fazia pressão entre as próprias pernas, apertando o membro por cima das calças. - Deixa eu chupar teus peitos. Abre isso daí.
“- Isso daí?!” – pensou Jaque. “- Esse ignorante chama meu fino Corsset de ‘isso daí’...”.

Ismael foi empurrando Jaque em direção ao mictório, e sem notar, ela apoiou-se nele. De forma desordenada e faminta, ela abriu o casaco totalmente, a lingerie vermelha pareceu iluminar o antro fétido e penumbroso. Com a mão direita, abriu a braguilha das calças e puxou o membro pra fora, masturbando-se. Jaqueline procurava apoiar-se de modo a não cair sentada dentro do mictório, mas ele a pressionava, ela quase não suportava seu peso. O camarada não continha qualquer impulso, e chupava vorazmente os seios de Jaqueline, chegando a morde-los com força demasiada em alguns momentos. Jaqueline cerrava os dentes, e franzia a testa, tentando conte-lo um pouco pelos ombros, mas dava-lhe a liberdade necessária para que acabasse logo.
- Vem cá - disse o homem, agora transformado em alguém menos tímido e mais dominador - senta aí.

Puxou a linda esguia mulher em direção ao apartado sanitário, e sentou-a no vaso. De imediato, Jaqueline presumiu que as barras do casaco encontariam no chão, e tentou puxa-las para cima. Era tarde. E as mãos determinadas do ruivo empurraram-na para trás pelos ombros, e com as pernas abertas e calças arriadas colocou-se sobre ela, pondo os delicados joelhos dela entre os seus, e apertou-os. Com o membro em punhos, puxou o rosto de Jaqueline contra seu escroto, segurando-a pelos cabelos de forma abrutalhada. Ela sentia um forte cheiro de suor no corpo dele, misturado a desodorante com álcool. De certo modo, isso parecia aliviar o cheiro horrível de urina daquele banheiro sujo. Sentiu-se até confortável com o rosto enfiado entre as virilhas do ruivo.

Ele não demorou a puxa-la novamente pelos cabelos. Precisava mostrar quem mandava. Ela encarou-o nos olhos, e isso pareceu deixa-lo desconfortável. Puxou-a mais forte, afim de reprimi-la.
- Não me olha, vaca. Não olha pra mim, olha pro pau. Pro pau. - e foi depositando-lhe o membro entre os lábios, que resistiram instintivamente a se abrirem. Seu membro estava ainda meio flácido, e as mãos trêmulas. Ele apertava o pênis pela base, para dar a impressão de estar mais duro do que na verdade estava. Apertava ate inchar a glande avermelhada, e passava nos lábios de Jaque, que num gesto involuntário, virou o rosto. Mas foi reprimida pelo forte puxão de cabelos, e alguns solavancos.
- Ta bom, ta bom, calma, cal... – e, gesticulando com as mão espalmadas num pedido de calma, teve a boca invadida pelo pênis empurrado pelos dedos do homem que parecia ignorar qualquer cerimônia. Afinal, era só uma puta.

Um imediato transe tomou conta de Jaqueline... Sentia gosto de sabonete, misturado com um gosto cítrico, meio azedo. Nada forte, tampouco insuportável... Misteriosamente, confortante. As mãos, antes espalmadas, agora repousavam no quadril de Ismael, que aos solavancos, ia estocando descoordenado em sua boca, ora em sua garganta. O membro começava a pulsar, tomando ares de ereção. Jaqueline já sentia vazar pequenas gotas de líquido seminal, sabor este que apreciava. Começava a sentir-se relaxada, e soltou-se. As mãos, que antes continham o quadril do homem que a estocava a garganta, agora percorriam carinhosamente a lateral do quadril dele, quase num secreto desejo de puxa-lo contra si. E estava determinada a faze-lo, quando o tomou pelas nádegas para conduzir o ritmo... A reação foi violenta...
- Puta, vaca, vagabunda. - um empurrão lançou Jaque para trás, fazendo-a chocar-se contra o cano da caixa de descarga - tira a mão da minha bunda, porra. Ta achando que eu sou putão, é? Vaca.

Assustada, Jaqueline encolheu-se, virando quase de lado, como podia, pois estava sentada, e com as pernas presas entre as dele, que estava em pé. Mas ele a tomou novamente pelos cabelos, na altura da nuca, trazendo seu rosto contra seu pênis. Resistindo, com os ombros contraídos, Jaque o suportou se masturbando com a glande encostada em sua bochecha, melando toda a sua face com o líquido transparente que escorria de seu membro. Jaqueline torceu para que aquele homem se acabasse ali. Afinal, o que Alves lhe ordenou por telefone, e que já estava previamente acertado, ela apenas “uma chupada, num banheiro qualquer”. O trabalho estava chegando ao fim.

- Te levanta, Jaque. Quero ver tua bunda. Levanta.
- Ta bom, estou levantando, - disse ela, recolhendo as abas já enlameadas do casaco - deixa só eu me esticar... ai...
- Levanta o casaco aí, deixa eu ver essa bunda. - e sem muita cerimônia, agarrou o casaco de Jaque e virou-a subitamente de costas para si. Desequilibrada pela violência do puxão, Jaqueline deteve-se com o joelho sobre o assento do vaso, agarrada no cano da caixa de descarga. Só então percebeu o risco ao qual estava exposta. Mas era tarde.

O Pequeno homem ruivo tinha braços fortes, e passou o braço esquerdo por dentro do casaco, recolhendo-o sobre o ombro. Com a mão direita metida entre as pernas de Jaque, tentava afastar a calcinha entre suas pernas, e encaixar o membro agora totalmente duro e teso, na sua vagina. Jaqueline tentava desvencilhar-se, mas tinhas o braços totalmente presos pelo casaco muito bem contido por ele. Restavam-lhe os movimentos dos quadris, tentando desviar-se de uma penetração desprotegida e sem camisinha. Um desespero tomou conta dela, que chegou a cogitar gritar por socorro... Mas um transe quase hipnótico a tomou repentinamente... Sentia uma contração convulsa no ventre, uma sensação acalorada que a fazia contorcer involuntariamente os quadris, e seus gemidos simplesmente escaparam de sua garganta, abafados por um impulso de conter-se, de repúdio a si mesma, por estar... excitando-se...

Com a mão direita, Ismael tentava empurrar o pênis para dentro da vagina de Jaque, mas o ângulo desajustado, e a clara falta de habilidade do homem, tornavam a tarefa quase impossível. A calcinha escapava de seus dedos e impediam até mesmo o contato de sua glande com a vagina da mulher agora em transe e totalmente indefesa. Num gesto de desespero, o ruivo largou-lhe o casaco, e num puxão seco e forte, rasgou a calcinha de Jaque, percorrendo com o dedo por entre as nádegas de Jaque até encontrar seu ânus. Mergulhou sem qualquer prenúncio o polegar em sua carne sem lubrificação. Um grito abafado fugiu da boca de Jaqueline... Outro não tão abafado da boca de Ismael. Golfadas de sêmen atingiam as coxas de Jaque por trás, uma após a outra, sob os movimentos convulsos do pequeno homem, que parecia quase tombar com as pernas amolecidas...

As respirações arfantes de ambos eram agora o único som... Ele estava de ombro apoiado na parede lateral do cubículo. Ela, abraçada no cano junto à parede, de olhos cerrados e mente totalmente alienada. Nem pode perceber que ele já ia deixando o cubículo, puxando as calças arriadas. Ela permaneceu ali, na mesma posição, agora com os dois joelhos, já feridos, sobre o assento amarelado do vaso sanitário.
- Ta, eu... Eu já acertei com o Alves, ta? Depois tu vê com ele, eu to quase atrasado. Eu só tenho 45 minutos de horário de almoço, ta quase na hora de voltar. Obrigado, viu?

Jaqueline não o escutou. Estava ainda em transe. Lembrava da sensação de estar tomando banho no mar pela primeira vez, uns 5 anos antes... Toda aquela espuma, a água salgada, tudo tão grande... Que coisa divina, o barulho parecia nunca acabar. Mas sentia ainda aquele calor no ventre. E vulva estava absolutamente encharcada, o útero em fogo. Por certos momentos, torcia para que aquele homem ridículo lhe acertasse a entrada da gruta, e a fizesse sentir o inferno dentro de si... Com a mão esquerda, começou a fazer movimentos circulares em torno do clitóris... Nunca diretamente, pois era sensível. E estava muito, muito intumescido, chegava a doer. O movimento com os dedos, melados dela mesma... a sensação de esperma ainda quente escorrendo por suas coxas, e entre elas... Ahh.... Jaqueline agarrou-se de todas as formas a todas as paredes dentro do cubículo, e seu orgasmo foi tão intenso, que suas pernas amoleceram ao ponto de quase ir de joelhos ao chão.

Mas o chão estava cheio de urina. Iria sujar suas linda meias rubro-negras em degradê. Seria um pecado, peças tão lidas. Bastava o casaco, que federia por meses até ser totalmente limpo. Recomposta, Jaque abriu a porta do cubículo, e com o olhar, procurou um espelho. Mas um lugar como aquele, certamente não possuiria um espelho decente. De repente, um homem entra pela porta aberta do banheiro, e deparar-se com Jaqueline, de casaco aberto, calcinhas arrebentadas, presas somente a cintura, espartilhos com a frente retorcida e seios praticamente descobertos... certamente ficou surpreso demais para reagir. Pasmou, e ficou estático, olhando. Era apenas um velho homem, quase octogenário. Jaqueline olhou-o com absoluta indiferença. Tratou de arrumar sua roupa, recompor sua aparência e partir. Saiu do banheiro, determinada e segura. Um pouco descabelada, mas despreocupada. O serviço estava feito. Atravessou a rua.

Enquanto caminhava em direção ao banheiro do shopping, onde poderia arrumar a maquiagem para voltar para casa, deixou-se pegar curtindo uma sensação de êxtase. Aquela sensação que carregava dentro do ventre, dentro do útero, de sacies, de orgasmo, que se estende por um dia inteiro... “- meia hora pode parecer uma eternidade...”.
Ao passar pela praça de alimentação, indo em direção ao toalete, nossa exuberante mulher de até então parecia esmorecer-se aos poucos, como se o tempo passasse mais de vagar. Seu olhar já não mais era tão determinado, um certo ar de cansaço dividia espaço com a sensação de relativa sacies... Ao percorrer, em câmera lenta, o olhar pela praça de alimentação, sentiu-se estranhamente observada. Por um momento, estagnou. Virando-se lentamente, seus olhos buscavam algo oculto no seu entorno, pois sabia que alguém a observava. Os olhos negros e grandes, realçados pela pintura já borrada pelo êxtase e pela umidade da chuva, em felina procura, fatiavam as cenas em busca de alguém...

Um sutil toque em seu ombro, por trás de si, e ela sabia... Fora achada antes que pudesse achar o observador...
- Moça... Oi. Eu te vi no banheiro...
Antes de conseguir pensar ou mesmo reconhecer a pessoa ali parada, sua mente rebuscou alguma justificativa para estar lá, naquele banheiro imundo, quando então, reconheceu... A menina que juntara seu estojo de maquiagens, no toalete. Seu ânimo aliviou-se como de imediato.
- Oi...! Desculpa, eu pensei que... Ah, deixa, Desculpa. Pensei que fosse outra coisa.

- É que... Tu esqueceu isso no banheiro, eu... Achei, tentei te chamar, fui atrás de você, mas você...
- Eu entrei num lugar onde tu não poderias entrar...
- É... Desculpa, eu achei que não voltarias. - com o braço esticado, devolvia o estojo para sua dona, com um ar envergonhado, e um olhos diferentes dos que foram vistos anteriormente no toalete.
Ao observar o rosto da menina, notou que ela tentara maquiar-se, desastradamente. Uma sensação ruim apoderou-se dela. Era uma menina tão... menina. E a maquiagem exagerada que quebrava a inocência de seu pequeno rosto cortava o coração de quem observasse a cena em toda a extensão de seu contexto.
- Tu estás sozinha aqui? – questionou, preocupada com o tempo que a menina lhe aguardara.
- Não, minha mãe trabalha naquela loja, almoço aqui todo o dia, no intervalo do colégio. Qual é teu nome, moça?
Um instante de hesitação, em busca de uma resposta que parecia difícil de ser formulada. Mas um terno sorriso precedeu a resposta:
- Daiana, querida. Me chamo Daiana. E tu, como te chamas?
- Jaqueline. - um estampido mudo, calado, atingiu o coração de Daiana, que cerrou os olhos, virando um pouco o rosto.
Um afago no rosto da menina, e Daiana deu um tom de despedida. Tinha de ir para casa.
- Olha, Jaqueline. Fica com isso - colocando na mão da menina o delicado estojo - mas não usas mais, ok? Eu prometo que ainda esta semana eu venho até aqui, e te ensino direitinho como se usa isso, ta?
Com um sorriso imenso, a menina agradeceu.
- Eu venho todo o dia aqui!
Sem dizer mais nada, Daiana a deixou.
Ao olhar-se no espelho, notou que estava com um ar bastante abatido. Tudo bem, Adriano não estaria em casa na hora que ela chegasse mesmo. Nem a veria daquele jeito. Deixou o prédio, ainda vestida com o grande casaco, praticamente nua por debaixo.

“- Odeio o centro. Não se vê um vendedor de algodão doce. É um desperdício. Tenho certeza que não sou a única aqui que quer um...” - Pensava ela, caminhando lentamente em direção à parada de ônibus. - Hoje não tem algodão amarelo...
A pequena viagem passou ligeiro, foi distraída o caminho todo. De vez em quando, sentia a sensação do sêmen ressecado grudado nas coxas. Gostava de sentir isso. De sentir gozo de homens... Ser o motivo deste gozo...
Ao colocar a chave na porta de casa, foi surpreendida. Adriano abriu a porta por dentro, olhando-a como ar de desdém:
- Onde tu tava? - Perguntou ele, quase indiferente.
- Passeando no Shopping - respondeu ela, da mesma forma - Queria comprar umas coisas, mas não achei.
Adriano voltou para seu sofá e seu jornal. Ele sairia em seguida para uma viagem a trabalho, por isso passou em casa. Sem olha-la uma vez sequer nos olhos, questionou.
- Mas que cheiro de mijo é esse?
Às costas dele, Daiana chegou a alisar o esperma seco espalhado entre suas coxas enquanto pensava em algo para responder.
- Pois é, estive num banheiro público. E meu casaco encostou no chão. Deve ser isso.
- Que coisa nojenta. Esses banheiros públicos são um antro de porcos. Só tem bagaceiros, putas e drogados.
Daiana ficou observando...
“- É... Ele não está de todo errado. Definitivamente, não está...”
- Quer café?
...