21 de julho de 2007

Milene: Amor e Traição

Eu me chamo Milene.
E naquele instante, quando abri meus olhos, ainda com a sensação de ressaca, dessa ressaca curta que a gente sente quando dorme fora de horário, as lembranças ainda flutuavam em minha mente como se fosse algo muito distante. Mas de um segundo para outro, a realidade invadiu-me como uma flecha incandescente... Um frio terrível subiu-me pela espinha, e a sensação daquele lençol áspero em minha pele, misto da capa plástica do colchão parcialmente descoberto tocando em minha perna, enquanto meu corpo confuso estava envolto naquele acolchoado escuro, tudo muito, muito confuso.

Uma dor de cabeça fraca, mas constante, e a sensação de orgasmo espalhada por meu corpo, por meu ventre. Foi quando então, na penumbra pouco reveladora, vi meu corpo refletido no espelho do teto, ao lado de um belo corpo masculino desfalecido, totalmente adormecido, virado para o outro lado.

O cheiro ácido espalhado pelo quarto me remetia às lembranças de poucas horas atrás, entre o champanhe, a cerveja e as gozadas, todos desenfreados. Um sorriso de canto de boca me escapuliu, e o ventre acalorou-me novamente, então virei-me para o lado dele, deixando meus seios desnudos tocarem suas costas quentes. Então, antes que eu tomasse sua temperatura em mim, senti a vibração do celular no vibracall... A realidade mais uma vez invadiu-me, numa sensação de desespero. Eu sabia quem era. Mas queria não saber. E queria não saber por que razão me ligava. Pelo espelho, ao contrário no relógio digital do rádio, não tive dificuldades de saber que eram 22:30 da noite. E eu estava nada menos do que quatro horas atrasada para chegar em casa. Não tinha uma única justificativa. Não tinha um motivo. Não tinha uma razão. Nem para meu marido, nem para minha filha, e pior... Nem para mim.

Cinco dias antes, eu era uma simples mulher, feliz com meus dois filhos, Andrey de 4 anos, Jéssica de 13, que já estava uma linda menina, minha melhor amiga e confidente, e apesar de tudo, dava-me bem com meu marido, Jonatas. Casamos jovens, ele com 24 anos, eu com 17, por estar grávida dele. Mas aos 28 anos, eu já me sentia uma mulher sem graça, sem atrativos. Tornei-me uma dona de casa sofisticada, meu marido, bem sucedido, nunca deixou faltar-nos nada. Mas nunca mais, desde que casamos, me deu motivos para sentir-me uma mulher desejada e atraente. Dois anos atrás, descobri seu caso com a secretária, que foi demitida na mesma semana, mas não curou a dor de minha alma. Não pela traição, os homens são assim... Mas por tudo o que sei que ele fazia com ela, e não mais comigo. Nunca exigi que fosse um homem maravilhoso no sexo. Mas quando descobri os e-mails dele para ela, e dela para ele, notei nele um homem muito arrojado na cama, como jamais foi comigo.

O perdoei pela traição. Mas não me perdoei por ter falhado como esposa. Emagreci pelo menos 8 quilos, passei a cuidar de minha beleza, tornei-me uma mulher atraente, sei que chamo atenção por meus cabelos louros, naturalmente assim, minha estatua média, corpo bem trabalhado por meses de esforço na academia. Resolvi me transformar, e consegui isso. Sou uma mulher de trinta anos. Uma linda mulher de trinta anos. E meu marido, um homem capaz de se excitar o suficiente comigo para querer ver-me de luz acesa todos os dias.

Habituei-me a isso, e já me considerava uma mulher redesenhada, reformulada em matéria de sexualidade. Por isso, saíamos freqüentemente para brindar, comemorar, jantar fora. Superamos nossa crise com uma variedade de formas de ser felizes. Mas foi num desses jantares que vi minha própria máscara cair, depois de treze anos casada.

Estávamos num Shopping Center bastante popular de nosso Bairro, em Porto Alegre, após termos passeado no Parque Marinha do Brasil, para deixar as crianças estrearem seus patins novos, resolvemos jantar num bom restaurante do Shopping. A pedido das crianças, resolvemos comer massas. E foi na mesa, entre a confusão que sempre é servir crianças num restaurante normalmente cheio, que reparei que um jovem homem, certamente com menos de 30 anos, em companhia de uma linda moça, provavelmente ainda mais jovem que ele, e me fitava insistentemente, mas de forma relativamente discreta. Parecia muito sutil, ninguém notaria, exceto eu.

Fiquei intrigada, cheguei a achar que era impressão minha. Mas as repetidas vezes em que furtivamente me espiava, lançando um discreto cumprimento de cabeça, me deixaram claro que era proposital. Reparei que a moça que o acompanhava era muito bonita, certamente muito mais que eu. Fiquei muito admirada por ele reparar numa mulher, mãe de família, tão “sem graça” como eu me imaginava.

Lá pelas tantas, Jonatas foi ao banheiro, e Jéssica foi buscar uma sobremesa. Vi-me na mesa em companhia somente de Andrey, meu bebezão de 4 anos. Mas percebi que na passada, o garçom, sem olhar-me no rosto, deixou um bilhete escrito num guardanapo sobre minha mesa e se retirou rapidamente. Fiquei intrigada, cheguei a imaginar que pudesse ser. Mas não fazia sentido, então acreditei de pronto:
“Adoraria saber seu nome. O meu é André. E meu telefone...”
Fiquei atônita. Olhei para ele mais uma vez e o maldito sorria, quase debochado. Parecia rir de minha total falta de reação.

Mas o celular continuava a tocar... Já era a sexta chamada dele, e eu sem coragem nenhuma de atender. Nem mesmo saberia o que dizer. Me sentia apavorada. Olhava para André ali, dormindo ao meu lado, como uma pedra. O vinho, a cerveja após o vinho acabar... Os vários orgasmos que tivemos. Ele tinha boas razões para não acordar. E eu, para não dormir.

Ao levantar-me da cama, senti minhas costas tocarem numa poça gelada de líquidos nossos. Havia várias espalhadas pela cama, não havia qualquer lógica nos lugares onde elas apareciam conforme eu olhava. No banheiro, liguei o chuveiro e enquanto aguardava a água esquentar, parei em frente ao espelho, e me encarei. Pelo meu corpo, marcas, rajadas de sêmen do André pelo meu peito, pelo pescoço, e pelas minhas coxas. Sem querer, fui remontando o momento em que entramos no motel, eu ainda tensa, tentando controlar meu coração disparado, receoso de ser visto por algum conhecido meu e de meu marido. Não acreditava ainda estar fazendo aquilo. Não sabia mesmo se queria, mas sabia que não conseguia evitar.

Na porta, eu cheguei a dar uma pequena travada, mas o corpo de André, forte, firme, decidido, não deixou-me retroceder um só passo, e abraçou-me fortemente por trás. Sempre forte, carinhoso, mas quase ameaçador de tão decidido. Eu realmente chegava a estar determinada a me levantar, livrar-me dos braços dele, chegava a relutar violentamente. Mas a forma como ele estava decidido parecia hipnotizar-me de maneira irresistível, eu fazia o contrário de tudo o que achava certo fazer.

Eram três horas da tarde, e depois de ter enrolado uma dúzia de pessoas para fazer parecer que estava no shopping, comprando com amigas, eu já me sentia moída de remorso, sabendo que seria questão de tempo para que todos soubessem onde eu não estava. “-Que merda...- pensei,- por que a gente não consegue pensar e sentir tesão ao mesmo tempo...?”

E quanto tesão. Meu corpo se aquecia ao simples toque dele. Quando me puxava e me empurrava, tirando peças da minha roupa sem ao menos dar-me tempo para me posicionar, não me permitia pensar. Apenas me comprimia, sempre contra algo, fosse a parede, fosse a cama... Ou até mesmo o carpete em alguns momentos. André era quase bruto, e sua forma envolvente de me comandar fazia-me odiá-lo profundamente por longos segundos, disparando meu coração de vontades, medos, dor, angústia. Muita angústia. Cheguei a imaginar o rosto de meu marido naquele instante, com o olhar profundamente triste ao me encarar após minha descoberta de seu caso outra mulher. Ele realmente parecia triste, e aquele olhar nunca me saiu da memória.

E foi praticamente vendo aquele olhar que, apoiada sobre a mesa gelada de mármore que ficava no hall do quarto barato de motel onde eu estava, que senti meu quadril estremecer convulsionado por um orgasmo, sentindo todo o peso de André sobre minhas costas, quase me sufocando, enquanto sua mão invasiva manipulava minha vulva como se eu permitisse isso. Tentava tirar sua mão dali, por ato reflexo de culpa, mas ele ignorava minha tentativa. Com a mão esquerda apoiada sobre minha cintura, me pressionava contra a mesa, deixando-a imóvel. Com a direita, invadia minha intimidade, dilacerando minha honra com os dedos encharcados no meu orgasmo de ódio, tesão e desejo. A sensação ficava entre a tristeza e a saciez... Eu me odiava. E isso reforçava a intensidade com que minhas coxas ficavam molhadas de meu orgasmo.

Neste momento, lembrei que as mentiras que contei, para ir ao encontro de André, não tinham qualquer chance de dar certo. Não durariam até o final da noite, pois não foram nem de longe planejadas. Aliás, ainda não acho resposta do porquê mesmo com a convicção de que aquele encontro duraria no máximo meia hora, tomei os cuidados de depilar-me perfeitamente, usar meu perfume mais sedutor e a lingerie mais sexy que eu possuía, e que nem meu marido conhecia. E sabia que não poderia fazer isso. Mas fiz.

Minha intenção ao encontrar aquele garoto, quando liguei para seu celular no dia seguinte ao episódio do restaurante, era a de saber se eu realmente era uma mulher interessante daquela forma. Queria ouvir da boca de um homem que sentia desejo por mim. E iludi-me ao acreditar que o controle de tudo estava na minha mão. Conversamos por vinte minutos na mesa de um bar na rua Lima e Silva. Foi o tempo que ele levou para levantar-se sem explicar o porque, vir até meu lado, agarrar-me pela gola da blusa e arrancar-me um beijo sem qualquer conexão com o que falávamos.

Em mais 15 minutos eu entrava em seu carro, rumo a um motel, totalmente perplexa. Meu ar de segura e determinada era uma fachada absolutamente mentirosa, e me neguei a buscar uma forma de parar aquilo tudo, ou de arranjar qualquer justificativa.
Não conseguia mais ver meu rosto no espelho embaçado. O banheiro era todo vapor. No Box, deixei a água desabar sobre minha pele, e quando escorreu por meus joelhos, pude sentir a ardência. Estavam ralados do lençol durante os fortes e intermináveis solavancos dos quadris de André contra mim, por trás, de quatro. Não senti absolutamente nada na hora, além da verga quente e dura daquele garoto acertando-me o fundo do ventre por muitas estocadas.

Doía às vezes, e eu tentava conter seu corpo erguendo a mão e segurando seu quadril. De forma grosseira e sensual, apesar disso, ele expulsava minhas mãos de seu corpo, invadindo-me ainda mais fundo com seu pênis terrivelmente rígido. Ele olhava-me como quem tem fome. Reduzia o ritmo, às vezes parava completamente de se movimentar, puxando-me pelos cabelos até erguer-me da cama, deixando-me de joelhos, mas encaixada em seu membro enterrado na minha vagina. Com a mão direita, manipulava meu clitóris, que já estava ferido da brutalidade de seus dedos, a mão esquerda apertava meus seios com vigor, e ignorava minha tentativa de reduzir seu furor por me apertar e tocar.

A água do chuveiro começou a escorrer entre minhas pernas, e senti ardência nos pequenos lábios. Senti vergonha de me tocar, e muita vontade de chorar. Ao me tocar, encontrei minha vulva totalmente inchada, como jamais havia sentido. Os ossos logo atrás da virilha doíam muito, como só uma vez senti, depois de ter andado por uma tarde inteira de bicicleta, ficando sem conseguir sentar-me direito por dias. E vi que levaria isso comigo para casa. Como seria olhar meu marido e meus filhos sentindo as marcas de algo assim? As lágrimas quiseram brotar. Mas o susto da porta se abrindo me interrompeu.

Com meu celular na mão, André olhava-me debochado:
- Teu telefone não para de tocar, olha aqui?
- Deixe-o lá. E me deixa sozinha, não gosto de tomar banho com ninguém olhando.
- Não te preocupa. Não vou te olhar.
Ele foi se aproximando com o mesmo olhar ameaçador que me mostrou várias vezes durante aquela tarde/noite. Invadiu o Box, e seu corpo nu, muito bonito, apesar de um pouco mais magro do que parecia vestido, tomou meu lugar debaixo do chuveiro, deixando-me quase encostada à parede.

Agarrou-me pela cintura, e juntou seu corpo ao meu. A sensação da água escorrendo entre nós dois era muito agradável. E atirei-me em seus braços, beijando-o ardentemente. Foi assim por todo o tempo. A culpa parecia apenas acender meu desejo se pertencer àquele homem por alguns momentos. Eu não resistia à vontade. Em diversos momentos, senti prazer em sentir-me “suja”. Descobri que meu corpo existia por si só, e que desejava coisas. Que pedia coisas que meu moralismo jamais me permitiria.

Quando me vi de joelhos novamente, como passei boa parte das ultimas horas, deixei a água que respingava-me o rosto, escorrendo do peito e do abdômen levemente peludo de André, escoar por entre meus lábios, que neste momento estavam envolvendo a glande agridoce daquele macho insaciável, que ensaiava um vai-e-vem suave e constante na minha boca. Era difícil respirar com a água escorrendo em meu rosto, vez ou outra me engasgava, bebendo muita água. Senti que ele estava ascendendo novamente de tesão, e tive medo. Estávamos muito longe do quarto, e das camisinhas. Da forma como ele era autoritário, se seu desejo o dominasse, me comeria sem culpas e sem camisinha ali mesmo. Minha responsabilidade seria suprimida por minhas fraquezas diante dele. Mas não minha inteligência. Comecei a chupar seu membro com o vigor de quem está decidida a vê-lo gozar.

Enquanto o masturbava com uma das mãos, acariciava com a outra o interior de suas coxas, seus testículos, sua bunda tão firma e musculosa. Um gemido satisfeito dele denunciou que finalmente eu estava correspondendo suas expectativas, e ele relaxou. Também me senti aliviada, pois pela primeira vez, tinha o controle. Masturbei seu pênis com muita vontade, e muito carinho. Chupava cada gota de água e dos líquidos que escorriam daquele membro como se fosse um sonho realizado.
Os músculos de suas coxas começaram contrações intermitentes, seu vai-e-vem ficando mais desritmado, molezas em seus joelhos, eram um anúncio. André recostou-se na parede, e suas mãos pousaram em meus ombros, acolhi profundamente seu membro, mergulhado em minha boca.

O calor invadiu a boca. Gostos estranhos se misturavam na minha língua, e escorriam pela minha garganta. Um urro contido, abafado, escapou da boca de André, que lentamente deixou o corpo ir desfalecendo e escorregando pela parede. Sentado no chão, acolheu-me no colo.

Já devia passar das 23hs... Era hora de enfrentar a realidade.
Já parcialmente vestidos, chamei um táxi para mim, queria sair dali separada de André, que emudeceu quase completamente depois de sair do chuveiro. Apenas um sorriso debochado ficava impresso em seu rosto o tempo todo.
Encarei o telefone celular, trancada no banheiro, sozinha.

- Jonatas... Sou eu.
- Milene, pelo amor de Deus, já liguei até para hospitais...! O que aconteceu, tu estás bem?
- Não. Não estou. Vou precisar muito do teu apoio quando chegar em casa. E vou precisar muito que retribuas a compreensão que tive contigo. Quero apenas que me ajudes com as crianças. O resto... Deixarei nas tuas mãos.
- Milene... Esquece isso. Vem pra casa. Jéssica está apavorada com minha preocupação. O que nos pertence deve ficar somente entre nós. Não quero saber de mais nada agora, só quero te abraçar e te ver bem.
- Jonatas... Estou com um homem... Num quarto de motel. Não sei direito como aconteceu. Estou confusa.
- Vem pra casa, Milene. Esquece o resto. Te espero com um café, conversamos aqui. Só quero que estejas bem. Deixa isso passar.

Chorei por uns 10 minutos sentada na tampa do vaso, com André atônito, me esperando na porta, meio assustado. Minha dignidade parecia ter escorrido pelo ralo daquele Box, misturada com minha saliva e sêmen. Mas da mesma forma que escorreu pela minha garganta, para dentro de mim, seria algo que eu teria que encarar. Senti prazer naquilo tudo. E talvez fizesse tudo de novo da mesma forma. Algo nascia em mim. E meu amor por Jonatas pareceu elevar-se exponencialmente com a sua atitude fabulosa.Aprendi muito com ele naquele dia.

Quando decidi descer para o táxi que já esperava havia algum tempo, André apenas beijou-me a mão, sentado à beira da cama, perguntando se me sentia bem, se não queria mesmo que me levasse até algum lugar em seu carro. Antes que terminasse de perguntar, agarrei-o pela nuca, e beijei sua boca violentamente. O desejo ficava quase incandescente novamente... E o empurrei violentamente para trás, jogando-o deitado sobre a cama.

- Puto, cretino...!
Com um sorriso sarcástico e sem olhar para trás, saí dali. Ouvi ainda sua risada, atirado sobre a cama. Não me despedi, e fui pra casa.
Quando nossos olhares se tocaram na minha chegada, as crianças já dormiam, tranqüilizadas por Jonatas. Não trocamos uma única palavra até então, ele foi comigo até a cozinha, onde sentamos com nossos cafés, cada um de um lado da pequena mesa. Dali, sem nada dizer, fomos para nossa cama.

Deitei minha cabeça no seu peito, e chorei, muito. Tanto, que nem mesmo reparei que ele também chorava. Ambos sentíamos muita dor. Nosso amor um pelo outro parecia doer terrivelmente, como se fosse uma bola de espinhos no peito. Eu ainda não sabia se tinha ferido mortalmente nossa harmonia, pois sabia que minha atitude era muito menos justificável que a dele...

Estava quase adormecendo, mesmo soluçando de choro em seu peito. Vi que ele adormeceu, com uma expressão ainda entristecida, e senti ressentimento por mim mesma. Sentia o sono me vencendo, meu corpo estava cansado demais. Com a mão, toquei o interior de minhas coxas, e senti o quanto meu corpo estava dolorido. Muito machucada... E estranhamente, muito satisfeita.

As luzes da manhã anunciavam a chegada do sábado, mas dormiríamos no mínimo até umas nove horas da manhã, inclusive as crianças, já que dormiram tarde. Foi quando percebi algo... A mão de Jonatas estava enfiada dentro de minha calcinha, com os dedos repousados dentre meus grandes lábios, que ardiam muito ainda, muito inchados. Completamente adormecido, seu pijama estava completamente encharcado, como sempre ficava quando assistíamos filmes pornôs. Respirei fundo, e me permiti adormecer novamente. Teríamos um longo sábado com nossas crianças no parque.

6 de julho de 2007

Os Motivos de Daiana - Parte 3 - "Fim da Firma"

Antes de dar seqüência na leitura deste conto, saiba o leitor que se faz importante a prévia leitura dos demais contos da série “Motivos de Daiana”, para que se possa apreciar e compreender por completo o que se passa na história.
O demais contos anteriores da série podem ser encontrados nos links a seguir:

Os Motivos de Daiana I

Os Motivos de Daiana - Parte II


Lentamente ela ia afastando-se do edifício, e uma rajada de vento jogou contra sua perna uma folha perdida de jornal, provavelmente saída de uma das bancas de frutas que cercavam o prédio onde ela havia passado mais de 5 horas a fio, servindo aos caprichos de pelo menos meia dúzia de homens naquela tarde. O corpo estava ainda dolorido do jovem afoito que dera início a sua jornada de trabalho. Ele caprichosamente cuidou de feri-la o máximo que pode, para provar para si mesmo que não se importava com ela. Para provar para si mesmo que não precisava de uma puta. Mordeu seus mamilos quase ao ponto de corta-los, e fingiu não importar-se com o discreto pedido de Daiana para que parasse. Ao contrário, foi como um estímulo, mais força ele empregou para morder a delicada pele de Daiana.
Mas Daiana conhece isso muito bem. Preferiu não pedir uma segunda vez, apenas sorriu. Acariciou seu cabelo, e sussurrou baixinho: “- Tu és o terceiro hoje, querido. Mas não conseguiria nunca ser o último a não ser que me matasses”...
O jornal que prendeu-se em sua perna, pelo forte vento que congelava a capital nesta tarde, parecia não querer desprender-se de forma alguma. Soltava-se de uma, prendia-se de outra, irritantemente. Daiana respirou fundo, arrumou o cabelo negro e embaraçado pelo vento em um coque. E seguiu a caminhar, ignorando o jornal. Atravessou a Av. Borges de Mendeiros, em direção ao viaduto, determinada a caminhar até o Parque Farroupilha. Queria ver os macacos da redenção antes do fim da tarde, pegar um pouco de ar. Precisava muito ver algo não humano, algo menos vil e sujo.
Seu celular tocou antes que chegasse à altura da pequena Praça Argentina, onde mendigos procuravam abrigo do frio que o fim da tarde começava a trazer. Uma breve espiada no celular, e pode ver que Alves ainda tinha algo a dizer. “- Maldito cafetão. Não basta o que já ouvi...”
- O que queres, Alves?
- Alô, Jaque? Volta pra cá, mulher, na terminamos de conversar!
- Já falei, não me chamo mais Jaque. Aliás, nunca deveria ter me chamado jaque. E não tenho mais nada ra dizer. Nem pra ouvir.
- Jaque... Ta, Daiane...
- Daiana.
- Isso, ta bom... Vem cá, volta pra cá, o guri já foi embora, agora podemos conversar direito. Sabes que o que te falei não foi por mal, mas eu precisava concordar, tu sabes como as coisas são...
- Não me interessa, Alves. Ele me feriu, me machucou. Um pivete, playboy metido a dono de boca.
- Jaque, ele é filho do “homem”, que que tu quer que eu faça? Tu sabe que o Coronel não é mole, se eu contrariar o bicho pega.
- Já pegou, Alves. Não volto mais.
- Jaque...
- Não me chama de Jaque.
- Ta, guria. Volta aqui, vamo tomar um conhaque e acertar as coisas. Tenho uma grana pra te dar de hoje. Trabalhou bem, merece o teu.
- Fica com o meu, Alves. Compra um algodão doce. Ou um amendoim, acho que te fará melhor.
Foi sem sorriso algum no rosto alvo, rubro pelo vento frio, que Daiana desligou o telefone. Uma lágrima incontinente escapou-lhe, mas foi rapidamente colhida. Não somente pelos tapas que levou no rosto logo após a réplica dada às mordidas vorazes do moleque. Nem pelos empurrões para fora do quarto que ele lhe deu, antes de ordenar a Alves que mandasse embora aquela “puta imunda e fedorenta”, nas palavras do ilustre menino de 19 anos, filho do dono da firma.
Ele quase nunca aparecia, normalmente escolhia as meninas mais novas, mais submissas e vindas do interior. Delas fazia o que bem entendia, e jamais reclamavam. Normalmente pediam folga logo depois de com ele estar, e não costumavam contar umas às outras o que se passava com ele dentro do quarto. Diziam as lendas que o rapaz tinha um dote nada privilegiado, e que gostava de introduzir objetos impróprios nas meninas, qualquer coisa que achasse por perto, desde aparelhos de telefone, até pedaços de tecido. Ameaçava-lhes de manda-las não somente embora, mas de evitar que fossem aceitas em qualquer outro lugar se reclamassem muito, ou se contassem a alguém.
Daiana nunca era a escolhida, tinha um ar por demais maduro e sério. Nada tímida, as vezes impetuosa. Mas aquele dia, justamente, depois de umas garrafa inteira da vinho na frente dos amigos, moleques quase todos de 16, 17 anos, ele apontou o dedo pra ela, como num maldita roleta russa.
Depois de expulsa-la do quarto, dizendo barbaridades, que Daiana julgou que seriam o limite da baixeza que viria, desapareceu para dentro de um dos quartos vagos, bêbado de cair, e por lá dormiu. Alves não hesitou em amparara-la paternalmente, orientado-a a seguir a rotina de “trabalho”. Machucada, e magoada, ela atendeu ainda mais cinco clientes. Dois deles simultaneamente, sendo que foram os últimos.
Um deles era até um belo rapaz, de não mais que trinta anos, bem apessoado, provavelmente conduzido pelo outro, mais velho e mais atrevido. Provavelmente colegas de trabalho, o mais velho, cujo nome Daiana ignorava, apresentava a casa ao outro. Por mais que tentasse, Daiana não foi capaz de lembrar se já o tinha atendido. Afinal, era tão medíocre. Tão comum e trivial, em nada se destacava dos outros tantos homens que possuíam seu corpo nas tardes vazias de sua vida. Mas estranhamente, sem saber em que momento escutou pela primeira vez, foi incapaz de esquecer o nome do mais jovem. Pablo. Tão... Educado... Foi cortês o tempo todo, tratou-a como a uma Lady. Sempre de olhar baixo, parecia um pouco envergonhado e tímido, mas conformado com a situação de ter de demonstrar que tudo estava sob controle. Foi dele a única boca que Daiana não recusou aquela tarde, durante o breve momento de desconcentração que sofreu em quanto o mais velho a penetrava por trás, na beirada da cama, aos solavancos. Neste momento, habitualmente, ela deveria chupar o rapaz da frente, para sensibiliza-lo ao máximo, então gozaria mais rápido, liberando-a. Mas estranhamente, não teve vontade de que fosse tão rápida assim a “vez” dele.
Foi neste instante que ela notou que ele a olhou nos olhos, como se não notasse que seu corpo sofria solavancos desenfreados e mal ritmados de um homem. Ela a olhava realmente observando seus olhos. E sorriu, segurando-a pelo queixo, e dando-lhe um suave, porém rápido, beijo nos lábios.
“- Pablo...” - Sussurrou, sozinha, caminhando entre as árvores da redenção. Era tarde. O Mini-Zoo estava fechado. Só veria os macacos bem ao longe, e não teria graça nenhuma. Seguiu andando, talvez a estátua do Buda, no templo oriental, tivesse algo que lhe trouxesse controle. Em breve estaria em casa, e ainda não sabia como contornar seu marido Adriano para que não visse os vários hematomas que o maldito moleque deixou em seus seios e nos braços.
Seguiu caminhando, contornando o espelho d’água, encrespado das rajadas de vento. Ao longe, avistou o topo vermelho do pequeno templo de Buda, com uma enorme pichação em azul no topo. “Toniolo”, dizia nela. Ficou a pensar... “- Meu Deus, isso está em toda a parte! Não pode haver um único pichador chamado Toniolo. Mas com exatamente a mesma caligrafia... Lendas de Porto Alegre”.
Seu vestido branco largo, até o meio das canelas, esvoaçava com seus detalhes em bordado azul claro. O elástico largo da cintura ao peito dava-lhe um bonito contorno contra o vento, combinando com o aspecto frio de sua face tão branca, mas rosada pelo vento. Tecido todo frisado, destes que a gente tem vontade de apertar. Seguiu andando. E lembrou de Pablo. Por um momento não pode lembrar-se se realmente foi penetrada por ele, como uma lacuna na memória. Rebuscou, lembrou-se do ilustre Sr. Italiano que veio antes, com um membro descomunal, mas de enorme facilidade para ejacular. Aliás, dez minutos e Daiana pode recolher de volta sua roupa, pois a Lingerie nem ao menos tirou...
Lembrou-se então do negro jovem, bonito. Mas faltavam-lhe modos, e gemia demais. Um pouco abrutalhado, e fixado em sexo anal. Deu-lhe trabalho, não conseguiu engana-lo com o truque da mão com gel, pois não permitiu que apagasse a luz. Queria ver a pele branca de Daiana em contraste com a sua. Havia tempo que Daiana não fazia anal. Doeu bastante, e a falta de calma do rapaz não contribuiu para sua retomada de prática. Teria que enganar seus clientes por mais uma semana para voltar a sentir prazer por trás...
O outro, Soldado Conscrito do Exército, um moleque de 18 anos, freguês semanal da casa. Entrava quieto, saia mudo. Seu dinheiro dava para apenas quinze minutos. As meninas em geral gostavam dele, meninote, tímido, sem grades pretensões. Apenas fazia o que tinha que fazer e ia embora. Alves não gostava dele por que não bebia nada, coitado, Na certa contava os vinténs para poder pagar quinze minutos do amor de uma mulher. Com Daiana foi a primeira vez, ela o tratou com um homem de verdade!Teve vontade de vê-lo sentido-se bem, pois era tão miúdo e franzino, “alemãozinho”... Devia ser motivo de chacota entre colegas no quartel, já que fugia ao perfil.
Mas claro... Pablo. Masturbou-se nos seios de Daiana o tempo quase todo, acariciando seus cabelos, olhando-a nos olhos, enquanto de algum modo, o velho se divertia entre as pernas dela, ou então, por trás. Ela mal o notou. Respondia ao olhar de Pablo como a um chamado encantado. No último momento, ela o teve por sobre seu corpo, por minutos que não soube contar, mas poucos, frente aos que queria. Mais alguns solavancos, bem ritmados, ele era caprichoso, e ela o sentiu tremer. O impulso dela, desta vez, não foi o de rapidamente segurar a beira da camisinha, para evitar que escorregasse e escorresse sêmen. Foi apenas o de abraça-lo. Mas não conseguiu fazer nem uma coisa, nem outra. Austero, ele mesmo cuidou de retirar cuidadosamente o membro, segurando corretamente o preservativo. Não o viu mais sorrir. “-Por que o orgasmo acaba com o encanto de qualquer homem...?” - questionou-se, pela milésima vez.
- Moça... está bem? - Daiana assustou-se, estava totalmente distraída, de olhar atônito, voltada para a estátua gorda e orelhuda de Buda.

5 de maio de 2007

Os Motivos de Daiana - Parte II

Nota: Importante salientar que a compreensão deste conto depende essencialmente da leitura de sua primeira parte. O conto pode ser lido Aqui.

Uma fina chuva molhava os escorregadios paralelepípedos da Rua dos Andradas, e o vento gelado anunciava o típico inverno da capital gaúcha. Os tamancos de Daiana escorregavam nas pedras, e esbravejando por quase ter torcido os tornozelos, ela se dirige para a calçada. De expressão fechada, seguiu em direção a tradicional Praça da Alfândega. Com o passo determinado, o rosto oculto atrás do guarda-chuva, ela seguia de pernas molhadas pelo forte vento e a garoa fina e ininterrupta.

Ao aproximar-se da esquina que daria na praça, cuidou de fazer uma ligeira e discreta observação do entorno, buscando o máximo possível de privacidade. Uma olhada para a esquerda, uma para a direita... Ninguém parecia querer saber aonde iria aquela mulher tão comum, ainda mais em se tratando de um dia horrível como aquele. Daiana lançou o olhar para o canto esquerdo da praça, logo atrás do playground, de fundos para os sanitários, como quem procura algo. “- Cheguei cedo. Tenho tempo...” - Pensou baixo, enfiando de forma desajeitada o celular no bolso após ter verificado se havia alguma chamada.

O frio era intenso, não fazia mais que 10 graus centígrados. O Shopping seria o local perfeito para a concentração e os preparativos para os momentos que seguiriam. Entrou pela grande porta do edifício, e se dirigiu ao banheiro. No caminho, Daiana deparou-se com uma linda vitrine, de uma loja de presentes com decoração oriental. As cores lindas, detalhes vermelhos e dourados espalhados por todos os lados, objetos indescritíveis de utilidade indecifrável, enchiam-lhe os olhos. Lembrou-se imediatamente de um presente que ganhara de uma amiga de escola, ainda na infância interiorana. A menina de procedência japonesa, e ainda com parte da família radicada no Japão, lhe trouxera de uma de suas viagens um lindo conjunto de ornamentos artesanais, misturando finos origamis coloridos em papel vermelho e pequenas louçarias delicadíssimas. Mas o destino dos objetos seria terrível. Numa das discussões de seu pai com sua mãe, um ataque de fúria do rústico homem deram cabo nas louças, que partiram-se em centenas de cacos jogados ao chão.

A infância é algo estranho. Num ataque pessoal de raiva ao ver seu presente tão estimado destroçado apenas algumas semanas depois de ganhos, Daiana rasgou em pedaços um dos origamis, como num ato de rebeldia calada e contida. O demais origamis foram desmanchados na tentativa de se compreender as dobras, Como era de se imaginar, uma vez desfeitos, a menina jamais conseguiu reconstruí-los, acabaram virando apenas pequenos pedaços de um bonito papel. Assim como o simples pode virar algo belo, a ausência de sutileza pode reduzir a beleza ao nada.

Mas o curto devaneio de Daiana fora interrompido pelo estridente toque do celular. Apenas um toque. Era o sinal. “- Meu Deus, vou me atrasar!”.

Rapidamente, quase correndo, rumou ao banheiro do Shopping Center, conforme havia planejado. Ao entrar, a sua direita, fincou os olhos no espelho, notando o quanto escolhera mal a roupa com que saiu de casa, por medo de atrasar-se. Uma saia longa de lã cinza, e uma blusa da mesma cor. Longas meias de lã e tamancos fechados de camurça, sem prever que a garoa persistiria por tantas horas. Notou que sua pele estava pálida, por conta do forte vento gelado que havia na rua. Se perguntava silenciosamente o que fazia os homens terem desejos estranhos em dias como este. Por momentos, chegou a duvidar que o plano daria certo. Estava tão frio, apesar de ser junho... Mas enfim, cabia-lhe apenas “cumprir sua parte no trato”.

Trancou-se numa das cancelas do banheiro. Utilizou a de deficientes físicos, que tem mais espaço. Afinal, jamais viu um deficiente físico dentro de um banheiro, não conseguia imaginar que alguém precisaria justamente naquela hora.
Largou a sacola de papel pardo sobre a tampa do vaso, e os sons de seus tecidos sendo despidos ecoavam pelo banheiro deserto. Por instantes, sentiu-se insegura, afinal, sairia dali muito diferente do momento eu que entrou. Ao despir-se da saia, revelou no tom branco de sua pele uma deslumbrante calcinha de rendas vermelhas e detalhes pretos. O fino acabamento dava ares de arte de época, e sua pele arrepiada parecia continuidade do tecido áspero.

Apressada, esvaziou a sacola sobre a tampa do vaso, deixando cair no chão o estojo de maquiagem. A teoria do caos, logicamente, fez com que este rolasse por baixo da porta, para fora do reservado. Sem pensar, Daiana rapidamente abriu a porta, com os olhos no chão em busca do estojo. Mas, os defrontar-se com um par de tênis juvenis, quase morreu de susto. Julgava-se sozinha no banheiro, pois não ouvira a porta abrir-se. Era uma menina, de não mais que 15 anos, que se assustou tanto quanto Daiana, afinal, não é comum uma mulher de pele tão alva, calcinha de cor vermelha vivo e peitos desnudos, sai pela porta do reservado de um banheiro! Após o constrangimento, a menina agachou-se e juntou o estojo para Daiana, totalmente sem jeito, e desviando o olhar, envergonhada e rubra.

Daiana agradeceu, não se deixou intimidar demais, afinal, tinha pressa. Rapidamente, já novamente no reservado, vestiu suas pernas com longas e transparentes meias ¾ degradê, de preto para vermelhas em direção às volumosas coxas, e foi sentindo o alívio do nylon aquecendo sua pele gelada. Com esforço, conseguiu prender o corpete também vermelho, com detalhes bordados em preto, dando ao seu corpo contornos esculturais e extremamente sedutores. Seu cabelo negro e totalmente alisado, em corte chanel, com as pontas estrategicamente viradas para o queixo, davam-lhe o tom de uma mensalina. Faltava pouco.

Agora, um sobretudo longo, de tom sóbrio entre preto e cinza, cobriam totalmente a sensualidade que era exalada do choque entre as cores e sua alvura. Só a maquiagem lhe faltava. Daiana está prestes a ser desincorporada para dar lugar a Jaque. A exuberante mulher deixou o reservado rumo ao espelho, munida de seu estojo e apetrechos, e com a precisão de um artista plástico, foi dando ao seu pálido rosto, os tons quentes de um quadro de Luis Royo. Aliás, seu corpo parecia estar pensado e projetado em uma tela por ele próprio. Jaque despertava.

Uma rápida consulta ao relógio do celular... “- Ok. Cinco minutos...”
Mas por um segundo, seu olhar perdeu-se no espelho. Reparou que o tempo lhe ensinou a maquiar-se com perfeição. Mas roubou-lhe o gosto de ver-se sem maquiagem.
“- Como eu sou sem isso?” - questionou-se por um segundo... Ela já não se lembrava mais, mesmo tendo estado livre de sua arte há menos de 10 minutos. Pois bem, pra que lhe servia o espelho, senão para construir Jaqueline...? Não! Era preciso concentrar-se, o tempo se esgotava. Não queria chegar lá e não encontrar ninguém mais ao seu aguardo. E mais um toque em seu celular alertou-lhe que era hora. Rápida conferida, e ok. Vamos.

Daiana, ou melhor, agora Jaque, deixou o banheiro sem notar duas coisas. Era observada atentamente pela menina que espiava de dentro de um dos reservados, atenta a cada movimento dela enquanto se maquiava. Não notou também que deixara sobre a pia o seu estojo de maquiagem.

Rapidamente, Jaqueline subiu pela escada roalnte para sair do Shopping, sentindo o desconforto do salto trancado nos frisos da escada metálica. Cuidadosamente, destrancou-se e saiu rapidamente pela grande porta. O percurso era reto, a praça era quase exatamente na frente. Mas ela resolveu fazer um caminho mais longo, queria passar em frente à estátua de Mário Quintana, simuladamente sentada em um banco da praça. Adorava olhar aquela estátua. Ela sempre desejou ler um livro de Quintana, mas nunca lembrava-se de comprar um. As pessoas falavam tanto. Devia ser bom, afinal, era poesia. E poesia lhe fazia pensar em coisas boas, como um bom algodão doce. Ok... Nada de delírios, é hora da obrigação.

Virou à esquerda, e foi em direção aos sanitários públicos. A chuva agora havia parado, uma leve brisa carregada de umidade fria ainda fazia com que os desabrigados, vadios, crianças de rua, que normalmente circundam aquele local, estivessem nalgum lugar mais protegido. Lá estava um homem. Era baixo, estava em defronte ao sanitário masculino. Aliás, o forte cheiro de urina denunciava a pouca higiene dos banheiros públicos da capital. Mas afinal, que tipo de gente usa estes banheiros? Certamente gente que não tem voz para reclamar. Jaqueline usou o celular e deu um toque. O homem imediatamente conferiu o seu, então ela teve certeza. Era ele. E foi em sua direção.
Era um homem baixo, meio ruivo, não mais que 40 anos, usava uma jaqueta batida de veludo frisado, e calça de brim. Esfregava as mãos para aquecer, quando viu Jaqueline aproximar-se. A forma como pasmou ao vela era bem evidente. Os passos precisos de Jaqueline em sua direção, naquele lindo casaco longo, quase até os tornozelos, saltos longos e finos. A boca maravilhosamente vermelha, olhos fortemente pintados de contornos negros... A boca do homem levou oito segundos para fechar-se.
- És tu o Ismael? - Perguntou Jaque, desdenhosa.

- Eu... Sim, sou eu. Tu é a Jaque, né? (risos) O Alves me disse que era muito bonita mesmo. Nossa! Então... Vamos... Vamos fazer, então? - Seu jeito nervoso irritava profundamente Jaque. Conhecia aquele tipo. Tímido, retraído. Feio. Achava que dar dinheiro a uma puta o tornava o homem que jamais foi capaz de sentir-se. Mas afinal, quem era ela para julgá-lo. Precisava receber esse dinheiro para sentir-se realmente mulher.

- Onde vai ser, aí dentro? - Perguntou Jaqueline, apontando para o banheiro.
- É, vai. Entra aí. Pode passar. - olhou em torno, para ver se alguém os olhava, sem encontrar testemunhas - entra, não tem ninguém!

Jaque entrou, e foi impossível não levar a mão ao rosto, cobrindo o nariz. O cheiro era terrível, e o chão tinha camadas finas de lodo trazido por pés embarrados da chuva. Mas parecia mais embebido em mijo choco do que em água da chuva. Chegou a conter-se, quase abortando a idéia, e ia sugerir outro lugar quando sentiu as mãos do camarada empurrar-lhe de forma pouco delicada para o interior do banheiro. Virou-se, e viu como estava agitado, nervoso, pondo e tirando as mãos dos bolsos.

- O Alves me disse que tu é muito boa, eu disse que queria a melhor! - Com olhar inconstante, espiava-se todo, gesticulando desajeitado. Espiou para a rua, e rapidamente encostou a porta. Virou-se rápido para Jaqueline, que estava em pé, de costas para um mictório. Olhava-a de cima a baixo, e então para os lados, nervoso. Ela sentiu um pouco de medo, estava incerta dos fatos seguintes.

- Tua ta pelada aí embaixo? - Perguntou ele, inclinando-se em direção a ela, e puxando a lapela do sobretudo de Jaque, rapidamente tirando a mão e levando à testa, nervoso.
“- Ok, vamos acabar logo com isso” - pensou Jaqueline, enauseada com o fedor do lugar. “- Vou fazer logo o que ele quer”. - Deu um jeito na grande sacola de compras, destas grandes, de papel pardo firme, com cuidado para não molhar, deixou-a sobre uma pia.
- Então, quer me ver? - perguntou ela, abrindo um a um os botões do casaco. - Não estou pelada, mas posso ficar, se tu quiseres.
- Abre, abre...! Anda, me mostra teus peitos - e foi logo levando a mão sobre o seio esquerdo de Jaqueline, apressadamente. Com a outra mão, fazia pressão entre as próprias pernas, apertando o membro por cima das calças. - Deixa eu chupar teus peitos. Abre isso daí.
“- Isso daí?!” – pensou Jaque. “- Esse ignorante chama meu fino Corsset de ‘isso daí’...”.

Ismael foi empurrando Jaque em direção ao mictório, e sem notar, ela apoiou-se nele. De forma desordenada e faminta, ela abriu o casaco totalmente, a lingerie vermelha pareceu iluminar o antro fétido e penumbroso. Com a mão direita, abriu a braguilha das calças e puxou o membro pra fora, masturbando-se. Jaqueline procurava apoiar-se de modo a não cair sentada dentro do mictório, mas ele a pressionava, ela quase não suportava seu peso. O camarada não continha qualquer impulso, e chupava vorazmente os seios de Jaqueline, chegando a morde-los com força demasiada em alguns momentos. Jaqueline cerrava os dentes, e franzia a testa, tentando conte-lo um pouco pelos ombros, mas dava-lhe a liberdade necessária para que acabasse logo.
- Vem cá - disse o homem, agora transformado em alguém menos tímido e mais dominador - senta aí.

Puxou a linda esguia mulher em direção ao apartado sanitário, e sentou-a no vaso. De imediato, Jaqueline presumiu que as barras do casaco encontariam no chão, e tentou puxa-las para cima. Era tarde. E as mãos determinadas do ruivo empurraram-na para trás pelos ombros, e com as pernas abertas e calças arriadas colocou-se sobre ela, pondo os delicados joelhos dela entre os seus, e apertou-os. Com o membro em punhos, puxou o rosto de Jaqueline contra seu escroto, segurando-a pelos cabelos de forma abrutalhada. Ela sentia um forte cheiro de suor no corpo dele, misturado a desodorante com álcool. De certo modo, isso parecia aliviar o cheiro horrível de urina daquele banheiro sujo. Sentiu-se até confortável com o rosto enfiado entre as virilhas do ruivo.

Ele não demorou a puxa-la novamente pelos cabelos. Precisava mostrar quem mandava. Ela encarou-o nos olhos, e isso pareceu deixa-lo desconfortável. Puxou-a mais forte, afim de reprimi-la.
- Não me olha, vaca. Não olha pra mim, olha pro pau. Pro pau. - e foi depositando-lhe o membro entre os lábios, que resistiram instintivamente a se abrirem. Seu membro estava ainda meio flácido, e as mãos trêmulas. Ele apertava o pênis pela base, para dar a impressão de estar mais duro do que na verdade estava. Apertava ate inchar a glande avermelhada, e passava nos lábios de Jaque, que num gesto involuntário, virou o rosto. Mas foi reprimida pelo forte puxão de cabelos, e alguns solavancos.
- Ta bom, ta bom, calma, cal... – e, gesticulando com as mão espalmadas num pedido de calma, teve a boca invadida pelo pênis empurrado pelos dedos do homem que parecia ignorar qualquer cerimônia. Afinal, era só uma puta.

Um imediato transe tomou conta de Jaqueline... Sentia gosto de sabonete, misturado com um gosto cítrico, meio azedo. Nada forte, tampouco insuportável... Misteriosamente, confortante. As mãos, antes espalmadas, agora repousavam no quadril de Ismael, que aos solavancos, ia estocando descoordenado em sua boca, ora em sua garganta. O membro começava a pulsar, tomando ares de ereção. Jaqueline já sentia vazar pequenas gotas de líquido seminal, sabor este que apreciava. Começava a sentir-se relaxada, e soltou-se. As mãos, que antes continham o quadril do homem que a estocava a garganta, agora percorriam carinhosamente a lateral do quadril dele, quase num secreto desejo de puxa-lo contra si. E estava determinada a faze-lo, quando o tomou pelas nádegas para conduzir o ritmo... A reação foi violenta...
- Puta, vaca, vagabunda. - um empurrão lançou Jaque para trás, fazendo-a chocar-se contra o cano da caixa de descarga - tira a mão da minha bunda, porra. Ta achando que eu sou putão, é? Vaca.

Assustada, Jaqueline encolheu-se, virando quase de lado, como podia, pois estava sentada, e com as pernas presas entre as dele, que estava em pé. Mas ele a tomou novamente pelos cabelos, na altura da nuca, trazendo seu rosto contra seu pênis. Resistindo, com os ombros contraídos, Jaque o suportou se masturbando com a glande encostada em sua bochecha, melando toda a sua face com o líquido transparente que escorria de seu membro. Jaqueline torceu para que aquele homem se acabasse ali. Afinal, o que Alves lhe ordenou por telefone, e que já estava previamente acertado, ela apenas “uma chupada, num banheiro qualquer”. O trabalho estava chegando ao fim.

- Te levanta, Jaque. Quero ver tua bunda. Levanta.
- Ta bom, estou levantando, - disse ela, recolhendo as abas já enlameadas do casaco - deixa só eu me esticar... ai...
- Levanta o casaco aí, deixa eu ver essa bunda. - e sem muita cerimônia, agarrou o casaco de Jaque e virou-a subitamente de costas para si. Desequilibrada pela violência do puxão, Jaqueline deteve-se com o joelho sobre o assento do vaso, agarrada no cano da caixa de descarga. Só então percebeu o risco ao qual estava exposta. Mas era tarde.

O Pequeno homem ruivo tinha braços fortes, e passou o braço esquerdo por dentro do casaco, recolhendo-o sobre o ombro. Com a mão direita metida entre as pernas de Jaque, tentava afastar a calcinha entre suas pernas, e encaixar o membro agora totalmente duro e teso, na sua vagina. Jaqueline tentava desvencilhar-se, mas tinhas o braços totalmente presos pelo casaco muito bem contido por ele. Restavam-lhe os movimentos dos quadris, tentando desviar-se de uma penetração desprotegida e sem camisinha. Um desespero tomou conta dela, que chegou a cogitar gritar por socorro... Mas um transe quase hipnótico a tomou repentinamente... Sentia uma contração convulsa no ventre, uma sensação acalorada que a fazia contorcer involuntariamente os quadris, e seus gemidos simplesmente escaparam de sua garganta, abafados por um impulso de conter-se, de repúdio a si mesma, por estar... excitando-se...

Com a mão direita, Ismael tentava empurrar o pênis para dentro da vagina de Jaque, mas o ângulo desajustado, e a clara falta de habilidade do homem, tornavam a tarefa quase impossível. A calcinha escapava de seus dedos e impediam até mesmo o contato de sua glande com a vagina da mulher agora em transe e totalmente indefesa. Num gesto de desespero, o ruivo largou-lhe o casaco, e num puxão seco e forte, rasgou a calcinha de Jaque, percorrendo com o dedo por entre as nádegas de Jaque até encontrar seu ânus. Mergulhou sem qualquer prenúncio o polegar em sua carne sem lubrificação. Um grito abafado fugiu da boca de Jaqueline... Outro não tão abafado da boca de Ismael. Golfadas de sêmen atingiam as coxas de Jaque por trás, uma após a outra, sob os movimentos convulsos do pequeno homem, que parecia quase tombar com as pernas amolecidas...

As respirações arfantes de ambos eram agora o único som... Ele estava de ombro apoiado na parede lateral do cubículo. Ela, abraçada no cano junto à parede, de olhos cerrados e mente totalmente alienada. Nem pode perceber que ele já ia deixando o cubículo, puxando as calças arriadas. Ela permaneceu ali, na mesma posição, agora com os dois joelhos, já feridos, sobre o assento amarelado do vaso sanitário.
- Ta, eu... Eu já acertei com o Alves, ta? Depois tu vê com ele, eu to quase atrasado. Eu só tenho 45 minutos de horário de almoço, ta quase na hora de voltar. Obrigado, viu?

Jaqueline não o escutou. Estava ainda em transe. Lembrava da sensação de estar tomando banho no mar pela primeira vez, uns 5 anos antes... Toda aquela espuma, a água salgada, tudo tão grande... Que coisa divina, o barulho parecia nunca acabar. Mas sentia ainda aquele calor no ventre. E vulva estava absolutamente encharcada, o útero em fogo. Por certos momentos, torcia para que aquele homem ridículo lhe acertasse a entrada da gruta, e a fizesse sentir o inferno dentro de si... Com a mão esquerda, começou a fazer movimentos circulares em torno do clitóris... Nunca diretamente, pois era sensível. E estava muito, muito intumescido, chegava a doer. O movimento com os dedos, melados dela mesma... a sensação de esperma ainda quente escorrendo por suas coxas, e entre elas... Ahh.... Jaqueline agarrou-se de todas as formas a todas as paredes dentro do cubículo, e seu orgasmo foi tão intenso, que suas pernas amoleceram ao ponto de quase ir de joelhos ao chão.

Mas o chão estava cheio de urina. Iria sujar suas linda meias rubro-negras em degradê. Seria um pecado, peças tão lidas. Bastava o casaco, que federia por meses até ser totalmente limpo. Recomposta, Jaque abriu a porta do cubículo, e com o olhar, procurou um espelho. Mas um lugar como aquele, certamente não possuiria um espelho decente. De repente, um homem entra pela porta aberta do banheiro, e deparar-se com Jaqueline, de casaco aberto, calcinhas arrebentadas, presas somente a cintura, espartilhos com a frente retorcida e seios praticamente descobertos... certamente ficou surpreso demais para reagir. Pasmou, e ficou estático, olhando. Era apenas um velho homem, quase octogenário. Jaqueline olhou-o com absoluta indiferença. Tratou de arrumar sua roupa, recompor sua aparência e partir. Saiu do banheiro, determinada e segura. Um pouco descabelada, mas despreocupada. O serviço estava feito. Atravessou a rua.

Enquanto caminhava em direção ao banheiro do shopping, onde poderia arrumar a maquiagem para voltar para casa, deixou-se pegar curtindo uma sensação de êxtase. Aquela sensação que carregava dentro do ventre, dentro do útero, de sacies, de orgasmo, que se estende por um dia inteiro... “- meia hora pode parecer uma eternidade...”.
Ao passar pela praça de alimentação, indo em direção ao toalete, nossa exuberante mulher de até então parecia esmorecer-se aos poucos, como se o tempo passasse mais de vagar. Seu olhar já não mais era tão determinado, um certo ar de cansaço dividia espaço com a sensação de relativa sacies... Ao percorrer, em câmera lenta, o olhar pela praça de alimentação, sentiu-se estranhamente observada. Por um momento, estagnou. Virando-se lentamente, seus olhos buscavam algo oculto no seu entorno, pois sabia que alguém a observava. Os olhos negros e grandes, realçados pela pintura já borrada pelo êxtase e pela umidade da chuva, em felina procura, fatiavam as cenas em busca de alguém...

Um sutil toque em seu ombro, por trás de si, e ela sabia... Fora achada antes que pudesse achar o observador...
- Moça... Oi. Eu te vi no banheiro...
Antes de conseguir pensar ou mesmo reconhecer a pessoa ali parada, sua mente rebuscou alguma justificativa para estar lá, naquele banheiro imundo, quando então, reconheceu... A menina que juntara seu estojo de maquiagens, no toalete. Seu ânimo aliviou-se como de imediato.
- Oi...! Desculpa, eu pensei que... Ah, deixa, Desculpa. Pensei que fosse outra coisa.

- É que... Tu esqueceu isso no banheiro, eu... Achei, tentei te chamar, fui atrás de você, mas você...
- Eu entrei num lugar onde tu não poderias entrar...
- É... Desculpa, eu achei que não voltarias. - com o braço esticado, devolvia o estojo para sua dona, com um ar envergonhado, e um olhos diferentes dos que foram vistos anteriormente no toalete.
Ao observar o rosto da menina, notou que ela tentara maquiar-se, desastradamente. Uma sensação ruim apoderou-se dela. Era uma menina tão... menina. E a maquiagem exagerada que quebrava a inocência de seu pequeno rosto cortava o coração de quem observasse a cena em toda a extensão de seu contexto.
- Tu estás sozinha aqui? – questionou, preocupada com o tempo que a menina lhe aguardara.
- Não, minha mãe trabalha naquela loja, almoço aqui todo o dia, no intervalo do colégio. Qual é teu nome, moça?
Um instante de hesitação, em busca de uma resposta que parecia difícil de ser formulada. Mas um terno sorriso precedeu a resposta:
- Daiana, querida. Me chamo Daiana. E tu, como te chamas?
- Jaqueline. - um estampido mudo, calado, atingiu o coração de Daiana, que cerrou os olhos, virando um pouco o rosto.
Um afago no rosto da menina, e Daiana deu um tom de despedida. Tinha de ir para casa.
- Olha, Jaqueline. Fica com isso - colocando na mão da menina o delicado estojo - mas não usas mais, ok? Eu prometo que ainda esta semana eu venho até aqui, e te ensino direitinho como se usa isso, ta?
Com um sorriso imenso, a menina agradeceu.
- Eu venho todo o dia aqui!
Sem dizer mais nada, Daiana a deixou.
Ao olhar-se no espelho, notou que estava com um ar bastante abatido. Tudo bem, Adriano não estaria em casa na hora que ela chegasse mesmo. Nem a veria daquele jeito. Deixou o prédio, ainda vestida com o grande casaco, praticamente nua por debaixo.

“- Odeio o centro. Não se vê um vendedor de algodão doce. É um desperdício. Tenho certeza que não sou a única aqui que quer um...” - Pensava ela, caminhando lentamente em direção à parada de ônibus. - Hoje não tem algodão amarelo...
A pequena viagem passou ligeiro, foi distraída o caminho todo. De vez em quando, sentia a sensação do sêmen ressecado grudado nas coxas. Gostava de sentir isso. De sentir gozo de homens... Ser o motivo deste gozo...
Ao colocar a chave na porta de casa, foi surpreendida. Adriano abriu a porta por dentro, olhando-a como ar de desdém:
- Onde tu tava? - Perguntou ele, quase indiferente.
- Passeando no Shopping - respondeu ela, da mesma forma - Queria comprar umas coisas, mas não achei.
Adriano voltou para seu sofá e seu jornal. Ele sairia em seguida para uma viagem a trabalho, por isso passou em casa. Sem olha-la uma vez sequer nos olhos, questionou.
- Mas que cheiro de mijo é esse?
Às costas dele, Daiana chegou a alisar o esperma seco espalhado entre suas coxas enquanto pensava em algo para responder.
- Pois é, estive num banheiro público. E meu casaco encostou no chão. Deve ser isso.
- Que coisa nojenta. Esses banheiros públicos são um antro de porcos. Só tem bagaceiros, putas e drogados.
Daiana ficou observando...
“- É... Ele não está de todo errado. Definitivamente, não está...”
- Quer café?
...